quinta-feira, 2 de julho de 2009

PRECISAMOS DE UM SENADOR ZELOSO E ZELADOR

“Julguei que fosse eleito presidente para
presidir politicamente a Casa e não para ficar submetido a cuidar da
despensa da Casa ou para limpar as lixeiras da cozinha da Casa”

Senador José Sarney-Presidente do Senado (O Globo-23/06/09)

Antes de comentar a infeliz declaração do Senador José Sarney, preciso
estender meu reconhecimento e apreço pelas domésticas, que cumprem um
papel de grande importância , entre outras incumbências , tratando da
manutenção de nossas despensas e do asseio de nossas lixeiras. Papel e
valor idênticos desempenhado por nossos garis , por todo Brasil,
sustentando nossas saúdes.Ninguém pode imaginar o caos social oriundo
da falta de recolhimento adequado dos dejetos produzidos por todas as
casas.

É exatamente isto que está ocorrendo em nosso patético Senado.Por
longo tempo ( mais de uma década) não houve por parte dos senadores ,
como um todo, mas, sobretudo, dos integrantes da mesa diretora do
Senado, o envolvimento e comprometimento devidos no zelo pela condução
administrativa da Câmara Alta, além da sua atuação legiferante.E
assim, os ratos passearam a vontade entre o lixo de atos
administrativos ilegais e imorais.A omissão dos senadores responsáveis
pelo cumprimento de todas as exigências que legitimam o ato
administrativo perfeito, favoreceu desmandos de funcionários com
conseqüências sobre o erário, baseadas em atos nulos por não atenderem
a publicidade obrigatória pelos cânones pétreos do Direito
Administrativo.

Varrer esta mácula do Senado Federal , anulando conseqüências de atos
ilegais;determinando o ressarcimento de ganhos auferidos por essa
via;responsabilizando autores e beneficiados e reestruturar a
diretoria administrativa do Senado, se faz urgente.É preciso
higienizar os meandros do poder legislativo federal, que se demonstrou
promíscuo e putrefato.A Nação espera que a maioria dos senadores não
concordem com a inércia do Sr José Sarney em sanear esta bandalheira,
ao preço de serem tidos como coniventes na mesma.

Já é hora de questionar a competência deste senhor, que do alto da sua
condição de presidente do senado ( e ex-presidente da república) acha
digno conviver com latas de lixo abarrotadas, que nada mais são do que
seus auxiliares diretos.Lula tem razão, Sarney não é um cidadão comum,
pois um chefe de Casa Zeloso também limpa latas de lixo e caixas de
esgoto, ou pelo menos cuida que outros façam, antes de que esses
depósitos de imundícies contaminem toda Casa, inclusive ele mesmo.Cabe
agora a pergunta: Será que Sarney não é um cidadão comum, de bem como
todo brasileiro, por já estar contaminado? A resposta aos senhores
senadores e senadoras.



Claudio Amaral

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Caridade - A Fé Prática sem Formalidades

Paulo em diversas oportunidades de suas cartas às igrejas do cristianismo nascente, se reporta ao caráter pragmático da mensagem do Cristo, em contraste ao excessivo e estéril formalismo do judaísmo vigente.

A liderança cristã discutiu a transferência de preceitos judaicos, como a famigerada circuncisão, e Paulo em Gálatas 5-6 pronuncia incisivamente a afirmação: " Estar circuncidado ou incircunciso de nada vale em Cristo Jesus, mas sim, a Fé que opera pela caridade", concluindo mais adiante, em Gálatas 6-15, " porque a circuncisão e a incircuncisão de nada valem, mas sim a nova criatura", ou seja, a transformação de comportamento e disposições de que a pessoa se imbua, isto " porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em atos" (I Coríntios 5-20).

Atos traduzidos em atitudes amorosas de cuidado consigo e com os semelhantes. Atos de generosidade, que exemplifiquem a caridade nos mais simples detalhes da rotina diária. É guardar a lei de amor, como orientou o Apóstolo dos Gentios aos Romanos (Cap 2 vers.25): " A circuncisão, em verdade, é proveitosa se guardares a Lei. Mas, se fores transgressor da Lei, serás com tua circuncisão, um mero incircunciso".

Convencer ou Converter ?

" Pregai o Evangelho em todas as ocasiões, mas só usai palavras quando necessário " Francisco de Assis


Muitos foram os profetas e arautos da Palavra de Deus, mas pouquíssimos conseguiram manifestar em atos e palavras a essência da sabedoria divina como o irmão Francisco de Assis.Sua noção de fraternidade foi a mais pura expressão do Evangelho do Cristo, estendida às criaturas e à Natureza.

Sua compreensão da vivência da mensagem cristã está muito bem colocada na frase base deste texto.Muitos religiosos se apoiam no mandamento do " Ide e Pregai" , como se fosse uma forma exterior de simplesmente converter os outros de suas convicções ao Cristianismo, através da aceitação de sua Igreja.

Francisco interpreta a pregação como um ato de convencimento ao outro através da vivência própria das verdades que abraçou.Antes de espalhar o Evangelho escrito, esforçar-se por ser um exemplo de virtudes do Evangelho Vivo, dando provas de que o Cristo veio para nos ser útil na vida prática, e não para adoração estática ou proselitismo.

Definitivamente, a Reencarnação é Bíblica

No primeiro livro de Reis, no capítulo 18, verso 40, encontramos o profeta Elias dizendo: " Tomai agora os profetas de Baal não deixeis escapar um só deles! Tendo-os o povo agarrado, Elias levou-os ao vale de Cison e ali os matou" .Além da confirmação no mesmo livro, capítulo 19, versículo 1: " quando Acab contou a Jezabel tudo o que fizera Elias, e como ele passara ao fio da espada todos os profetas de Baal".

Em Malaquias3,23 anuncia-se o retorno a vida do profeta Elias: " Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor".Atente-se que a afirmação é objetiva:" Vou mandar-vos o profeta Elias", e não alguém parecido com o profeta, é o próprio, sem sentido figurado.

Na anunciação do nascimento do precursor João Batista, o mensageiro divino declara a seu velho pai, Zacarias, a natureza íntima do futuro rebento:" e irá adiante de Deus com o espírito e poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes a sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Lucas1,17). Mais uma vez fica claro que é " com " o espírito e não "como" o espírito de Elias,demonstrando que um e outro é a mesma entidade espiritual.

Outro aspecto interessante é reconhecer que o povo judeu adimitia o retorno de um espírito como algo pacífico, natural, tanto que ao ser indagado sobre a personalidade de Jesus cogitavam:" Uns afirmavam:É Elias!Diziam outros:É um profeta como qualquer outro" (Marcos 6,15).

Jesus,então, dirime a dúvida e em Mateus 11,14-15 afirma categoricamente sobre João Batista:" E, se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar.Quem tem ouvidos, ouça". É necessário ter ouvidos atentos, ou seja, uma compreensão dilatada sobre a realidade que se processa através da reencarnação.

E em outra passagem , Mateus 17,10-13,reforça aquela revelação, de forma inequívoca: " Por que dizem os escribas que Elias deve voltar primeiro? Jesus respondeu-lhes: Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas. Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram antes, fizeram com ele quanto quiseram.Do mesmo modo farão sofrer o Filho do homem. Os discípulos compreenderam, então, que ele lhes falava de João Batista".Assim, Jesus consagra o princípio da reencarnação num exemplo incontestável.Ninguém reconheceu Elias por ele estar sob uma nova personalidade de João Batista.

E, por fim, Herodes escreve o epílogo da vida de João Batista, ao atender a vontade da filha de Herodíades: " Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou joão no cárcere" (Marcos6,27).Desta forma,a lei se cumpre com João Batista, resgatando no seu suplício o desatino de Elias com os profetas de Baal.Assim se cumprindo literalmente a advertência de Jesus ao defensor impulsivo, por ocasião de sua prisão: " embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão"(Mateus26,52).Para isto se presta este processo depurador das nossas almas, a reencarnação, para aprendermos a saldar " até o último ceitil".

É muito temerário se usar o termo CURA em Doutrina Espírita

Para início de conversa convém nos lembrarmos de Jesus na passagem de Lucas 17,11-19, quando Ele se dirige ao leproso agradecido por lhe ter restabelecido a saúde , e o Mestre faz uma distinção da sua condição de salvo em relação aos outros nove, igualmente beneficiados, por ter este especialmente demonstrado sua renovação de sentimentos através da expressão de gratidão.

Podemos também aliar a esta orientação cristã, a mensagem de O Evangelho segundo o Espiritismo, no Capítulo V, item 10, quando diz:' ... As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam . São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio.'

Isto sem deixarmos de nos reportar ao fato de que nos Evangelhos , não constatamos Jesus dizendo que curou, e sim, que a tua fé te curou ou a tua fé te salvou.

Estes três apontamentos são importantes para entendermos a subjetividade do termo cura, que envolve as relações de causa e efeito da doença e dos doentes, que nós não podemos assegurar qual seja. Os outros nove leprosos certamente não alcançaram a condição para serem qualificados como salvos , apesar de aparentemente estarem livres da doença.

Neste intante , cabe introduzir nesta reflexão a idéia do termo alívio(Mateus 11,28), que representa um benefício alcançado, sem que se tenha produzido a reformulação de propósitos e pensamentos requerida pela doutrina do Mestre. Além da indicação inequívoca de O Evangelho segundo o Espiritismo, de que em alguns casos a própria doença ( expiação ou prova) é o remédio de que carecemos , e do qual não haveremos de nos desatrelar, pelo impositivo da lei de reajuste. Desta forma , como falar de cura ? Como definir se o auxílio recebido foi estrutural(cura) ou superficial(alívio)? Em esmagadora maioria não somos dotados deste poder de investigação do psiquismo dos outros.

Qualquer uso do termo CURA no Centro Espírita, seja para passe ou reunião , induz o aflito à dedução de que se ele se submeter à rotina de passe ou reunião de cura, ele alcançará a cura automaticamente, condição imediata do seu desespero e do seu desejo natural de se livrar da dor ou de um desconforto qualquer.

Nenhum espírita, médium ou não, ou instituição espírita sérios podemgarantir o resultado de quaisquer das terapêuticas espíritas, pois não temos acesso ao grau de necessidade do aflito em relação à sua dor. Por isso, nos parece cauteloso substituir o termo cura por tratamento , deixando assim claro a intenção de sermos alvos da misericórdia de Deus, amenizando nossas dores, sem invalidar a orientação do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, de que ' o sofrimento é inerente à imperfeição' , e conforme nos afirma o espírito Vianney (cura de Ars): ' Muitas vezes a cegueira dos olhos é a verdadeira luz do coração' .


Fora disso, é sugerir ilusão.

Espiritismo sem Distorções

Por sermos uma Doutrina com só 151 anos, pouquíssimos de nós tivemos a oportunidade de mais de uma encarnação como espíritas. Na maioria temos uma grande influência de múltiplas vivências em outras correntes religiosas, com seus dogmatismo, ritualismo e misticismo. Daí a insistência de transplantarmos à prática espírita, aceitações estranhas ao seu corpo doutrinário.

Associado a isto, a grande maioria dos centros espíritas dificulta a implantação da fé raciocinada, limitando suas atividades doutrinárias em torno de reuniões monótonas e exaustivamente expositivas, sem a participação e a troca de idéias de todos, como previu o próprio codificador no item 347 de O Livro dos Médiuns: “ Dessa discussão, a que cada um dá a contribuição das suas próprias reflexões, saem os esclarecimentos que passam despercebidos numa leitura individual” .

Toda esta realidade supra mencionada favorece à falsas interpretações, distorcidas pelo sentimentalismo e pela primariedade dos pensamentos, representado por crendices e superstições ( O Livro dos Médiuns-Cap II-1ª Parte). Cristalizações de gerações em gerações, que se absorve por formação. Uma dessas criações originadas em nossas raízes históricas é a figura do preto-velho, que simboliza a dor dos antigos africanos, feitos escravos, submetidos à humilhações e violências. Todos carregamos a marca da responsabilidade dessas atrocidades e , por isso, santificamos a imagem do preto-velho, em total desprezo ao “ branco-velho” . Uma forma de nos redimirmos como povo, por nossas injustiças. O nosso animismo, através do inconsciente, alimenta tais “roupagens mentais”, que são aproveitadas por espíritos influenciáveis por estas sugestões.

Na Revista Espírita de junho de 1859 temos a comunicação de “ O Negro Pai César”. Tal espírito em nenhum momento de seu relato se caracteriza na condição de cansado, alquebrado pelos anos ou através de uma fala embaralhada e incompreensível. Pelo contrário, reafirmou a dor pelo preconceito vivido em sua última existência , denotando até certa mágoa. E, ainda, a certeza e alívio de não ser mais negro, por ter alcançado a situação de espírito liberto. Tal manifestação difere bastante do que estamos acostumados a ver nos cultos afro-brasileiros dos chamados pretos-velhos, não há como confundir. Foi o relato de um espírito sobre sua vida sofrida e a impressão que esta experiência lhe proporcionou. Fato comum às comunicações mediúnicas espíritas, como forma de aprendizado a todos nós. Diferente da ocorrência rotineira de certas manifestações, que traduzem apego dos manifestantes pela rotina terrena, com todas as suas características rudimentares.

A convicção espírita tem seus próprios métodos para compreender a realidade do fenômeno mediúnico. É preciso nos aprofundarmos no seu conhecimento, a fim de não distorcermos a natureza das suas características.

Fim Providencial da Mediunidade

"A evocação dos Espíritos vulgares tem ainda a vantagem de nos pôr em relação com os Espíritos sofredores, aos quais podemos aliviar e cujo adiantamento podemos facilitar com bons conselhos. Assim, podemos ser úteis ao mesmo tempo em que nos instruímos."
( O Livro dos Médiuns - item 281)


Grande parte do intercâmbio mantido entre os médiuns e os espíritos se faz na faixa dos espíritos sofredores. Fato justificado pela identidade existente entre as condições dos comunicantes e os intermediários. Por nossas deficiências morais, raras são as oportunidades de contato com espíritos de inegável superioridade a nos transmitirem diretamente orientações.

Kardec no supracitado item 281 nos aponta as bases reais em que se desenvolve esse mecanismo, acentuando o caráter instrutivo de que ele se reveste. É preciso retificarmos nossas posições comportamentais. Os espíritos não são o objeto primordial da reunião mediúnica, e sim o médium, Kardec coloca sob condições (podemos) a chance de atingirmos a ajuda aos espíritos. Puro bom senso, pois por mais que nos esforcemos, o atingimento dependerá da vontade do espírito de ajudar-se, o que foge ao controle do médium. De outra forma, o mesmo não ocorre com o dever do médium de instruir-se com a experiência transmitida pelo espírito. Tudo depende de sua consciência ao analisar o testemunho do equívoco e transplantar para sua vida com a finalidade de não repetir a falta.

Fica assim claro, que o campo experimental do Espiritismo tem um fim elevado, de proporcionar aos seus integrantes encarnados a confirmação prática da importância fundamental das advertências do Evangelho para a vida de cada um de nós, e o resultado da sua inobservância.

Compenetremo-nos que os médiuns são os elementos principais do objetivo da reunião mediúnica, até porque a Espiritualidade Maior conta com muitos outros recursos para auxiliar aos espíritos rebeldes e sofredores, não necessitando exclusivamente dos pobres recursos de que dispomos.

Má Fé ou Ignorância ?

Levítico 20:27 "Qualquer homem ou mulher que evocar os espíritos ou fizer adivinhações, será morto. Serão apedrejados , e levarão a sua culpa."

Deuteronômio 18:10-12 "Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem pergunte a um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem pergunte aos mortos, pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor e por estas abominações o Senhor teu Deus as lança fora de diante dele."

I Samuel 28 " ... e imediatamente Saul caiu estendido por terra, e grandemente temeu por causa daquelas palavras de Samuel..."

Provérbios 14:12 " Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte"

Gálatas 5:19-21 " Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, imundícia,dissolução,idolatria,feitiçarias,inimizades,porfias,emulações,iras,pelejas,dissenções,heresias,invejas,homicídios,bebedices,glotonorias,e coisas semelhantes a estas acerca das quais vos declaro, como dantes já vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus."

Apocalipse 21:8 " Mas quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis,e aos homicidas, e aos fornicadores,e aos feiticeiros,e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre o que é a segunda morte."

Estas citações bíblicas constavam em uma publicação religiosa como reprovação ao Espiritismo.Ao consultá-las não se distingue uma só menção de reprimenda aos princípios espíritas. Querer comparar o Espiritismo com feitiçaria, consulta aos mortos, satanismo, idolatria,magia ou adivinhação é declarar total ignorância sobre o conteúdo do espiritismo ou má fé na condução das idéias para confundir aos menos avisados.

O Espiritismo é uma doutrina cristã, que prega o amor, a justiça e a caridade como instrumentos necessários para crescermos espiritualmente. Institui como essencial para o aprimoramento coletivo dos homens o estabelecimento integral da Liberdade,Igualdade e Fraternidade, certos de que " a cada um será dado conforme suas obras" ( apocalipse 22:12). O Espiritismo reconhece uma longa trajetória para alcançar tal progresso, mas o mecanismo da Reencarnação favorecerá essa chance.A reencarnação é o retorno do espírito à experiência terrena em outro corpo. Foi anunciada pelo próprio Jesus ( Mateus 17:10-13 / Marcos 9:11-13), quando declarou que João Batista havia sido o profeta Elias. O processo pelo qual Elias se reapresentou como João Batista é a reencarnação, assumindo uma nova personalidade em outro corpo. Isto é inegável.

É fato que nem todos estão aptos a encararem essas verdades eternas e , por isso, o próprio Cristo afirmou que " não veio trazer a paz, mas a espada ( a divisão)", conforme Mateus 10:34-38. Para certas criaturas é penoso por seus preconceitos, formação e conveniências alargarem seus entendimentos ( Lucas 10:27) a outros níveis de percepção, preferindo simplesmente negar ou deturpar a lógica, como se isto resolvesse a questão.

Caberá sempre lembrarmos a nossa destinação de sermos livres,sem as amarras da escravidão a homens ou instituições do mundo, por uma determinação do Cristo, que nos disse " conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".

MAIS UM 20 DE MAIO

Serena e modestamente, o Grupo Espírita Aprender, Amar e Servir comemora 7 anos, desde aquele memorável 20 de maio de 2001, quando sob o amparo do Mais Alto e a união e ideal dos pioneiros foi fundada nossa Casa.

A fidelidade aos princípios da Doutrina Espírita fizeram com que desde o princípio o GEAAS pautasse suas normas nos mais rígidos padrões de simplicidade e discrição, buscando que nunca pessoas ou fenômenos tirassem o brilho do objeto principal, sua razão de ser - a Mensagem do Cristo.

Esta diretriz de nossa "ESCOLA", hoje mais do que nunca, esbarra no despreparo de alguns em aceitarem os ensinos da Doutrina Espírita na mais pura e direta realidade dos seus conceitos, sem enganos, quando, então, eles querendo modificar situações morais ou físicas, que lhes aflijam, por força de fórmulas "maravilhosas" e "imediatistas" , não atingem a essência , liberando-se momentaneamente do efeito para atrelarem-se posteriormente a outras formas de dor, muitas vezes em piores condições.

O tratamento de nosso "HOSPITAL" é pacientemente ministrado. Todos somos internos neste hospital de almas, encarnados e desencarnados. Vicente de Paulo e sua equipe são os enfermeiros. O único Médico é o Cristo. Aqui não se acredita em "saltos na natureza" e a melhora verdadeira vem ao encontro de cada um na medida do seu esforço de incorporar e praticar a mensagem divina, que nos liberta de nossos desejos e sentimentos inferiores, ensinando-nos que todos somos vítimas de nós próprios.

Aliado a este processo de recuperação e reforma íntima, não poderia faltar a ação vigorosa e terapêutica do trabalho, quando então o GEAAS se configura em "OFICINA", nos proporcionando a bendita oportunidade de nos aproximarmos da dor e carência de encarnados e desencarnados, buscando nos esquecermos de nós mesmos, mortificando o nosso egoísmo, para sermos instrumentos do Bem nas mãos dos bondosos amigos espirituais.

Unamo-nos fraternalmente em agradecimento pelos 7 anos de nossa ESCOLA-HOSPITAL-OFICINA, rogando para que a par de nossas deficiências , atuais integrantes do GEAAS, ele prossiga em sua jornada eterna de amparo a tantos corações necessitados como os nossos.

Rejubilemo-nos de forma cristã, pois no silêncio dos corações de cada um de nós, sabemos que inúmeros motivos temos para sermos gratos por mais um "20 de maio".

Mediunidade - Um dom divino

" ... e imediatamente Saul caiu estendido por terra, e grandemente temeu por causa daquelas palavras de Samuel..." (I samuel 28,20)

Já disse um sábio da impossibilidade de ao olharmos o Sol determinarmos que ele não nos queime. Seria ingênua ilusão.

Contra fatos não há argumentos.

A mediunidade é uma característica natural do ser humano,espírito encarnado, que pode se comunicar de forma ostensiva ( manifesta) ou não ostensiva (inspirada) com os demais seres inteligentes da criação, vivos ou mortos.

Decretos humanos proibindo o desempenho da mediunidade são impotentes para contê-la, tendo em vista o seu caráter supranormal.Em época recuada,a profetisa de Endor , na condição de médium, favoreceu a comunicação entre o espírito do profeta Samuel e o rei Saul, trazendo-lhe advertências oportunas ao soberano amargurado.

A vida espiritual, origem de todos nós, cruza nosso plano de vida. Estamos interligados.Não adianta negar por negar.É buscarmos a compreensão desta realidade e os mecanismos com que trocamos impressões entre os dois planos , para nos capacitarmos a efetuar este intercâmbio com segurança e eficiência.Este foi o objetivo de Allan Kardec ao lançar O Livro dos Médiuns. Traçar um roteiro consistente para conquistarmos a plenitude desta atividade, que nos auxilia em nosso amadurecimento espiritual.Busquemos conhecê-la.

Mediunidade com Jesus

Um capítulo importante na Doutrina Espírita é o da mediunidade. Todavia, poucos interessados nos esclarecimentos de Kardec percebem o verdadeiro e primordial fim dessa investidura, dada a cada um de nós.

O item 324 de O Livro dos Médiuns deixa claro três impressões acerca da reunião mediúnica: frívola,experimental e instrutiva. A primeira caracteriza-se pela leviandade e imaturidade dos seus integrantesjá a segunda pelo interesse centrado na produção de fenômenos, e a terceira exalta o conteúdo orientador do intercâmbio mediúnico, que beneficia todos os envolvidos nesta prática, tanto encarnados como desencarnados.

Muito se propala no meio espírita sobre a importância da caridade, sempre visando o outro. Neste mesmo sentido há os que afirmam que a prática mediúnica ' é fazer caridade aos irmãos espirituais' .Afirmamos que esta forma de pensar é o engessamento da grandeza da atividade. Ninguém ajuda sem se ajudar.Reforça-nos Divaldo franco que o espírito em sofrimento, a quem pressupomos estar socorrendo, é que nos está fazendo a caridade, porque está dizendo sem palavras: ' Olhe o que aconteceu comigo.Ou você muda de comportamento ou vai acontecer com você a mesma coisa!' .

No item 281 de O Livro dos Médiuns, Kardec expõe no último parágrafo em termos condicionais a possibilidade do médium aliviar sofrimentos , facilitar adiantamento e tornar-se útil aos sofredores espirituais, porém coloca em termos positivos o benefício de cada médium instruir-se, sendo este apontado como a utilidade das reuniões mediúnicas.

Mínimo é o número de espíritos desencarnados atendidos em nossas reuniões mediúnicas, e menor ainda aqueles que pelo diálogo mantido conseguem mudar suas disposições equivocadas instantaneamente. Em decorrência desse raciocínio, é possível admitirmos que a Providência Divina favorece esse intercâmbio muito mais em prol dos médiuns, por poderem vivenciar os efeitos danosos dos humanos desatinos em relação à lei de justiça e amor de Jesus.

A mediunidade com Jesus, base dos postulados espíritas, é fonte de melhoria do médium, pois através do seu exercício ele absorve conhecimentos práticos da moral Cristã, por meio da eficácia dos testemunhos e relatos trazidos pelos espíritos, nossos semelhantes em estágio de evolução, com quem nos identificamos em sucessos e insucessos. Para tanto, Kardec aponta no item 341 de O Livro dos Médiuns os requisitos indispensáveis para um eficaz e eficiente intercâmbio mediúnico: perfeita comunhão de vistas e de sentimentoscordialidade recíproca entre os membros ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristãdesejo único dos participantes de se instruirem e melhorarem por meio dos ensinos dos espíritosrecolhimento e silêncio respeitosos e isenção, nos médiuns, de todo sentimento de orgulho, de amor-próprio e de supremacia.

Melhor Agir com o Cristo do que Falar sobre o Cristo

" Ide e Pregai" Jesus

" Preguem o Evangelho em todas as ocasiões, mas só usem palavras quando for necessário" Francisco de Assis


Há uma tendência a optarmos pela interpretação cômoda, que exija do outro e não nos provoque grandes mudanças íntimas.Ao Jesus nos recomendar que pregássemos a Boa Nova, nos limitamos a compreender sua orientação no campo do discurso, simples transferência ao outro do que fazer, sem qualquer participação de maior envolvimento de nossa parte.

O Cristo fundamentalmente nos exemplificou os princípios que Ele ministrava.Ele era a mansuetude, a afabilidade, a indulgência e a honestidade personificadas.Seu proceder era uma lição viva da sua mensagem de amor incondicional por todos.

Só mesmo a elevada percepção do humilde Francisco de Assis poderia captar do Cristo o ensinamento de que antes de propagarmos a mensagem do Nazareno por palavras, devemos sintonizar com ela no coração, para que venhamos a ser um Evangelho Vivo antes, do que explêndidos pregadores de palavras vazias, que não encontram ressonância em nossos esforços de nos tornarmos cristãos.

Na Religião Pura não há lugar para Preconceito e Dogmatismo

' As pessoas que estão repletas de dúvidas tendem a ser dogmatistas que nunca estão erradas' (John Powell - livro Por que tenho medo de lhe dizer quem sou?)

O preconceito e o fanatismo são um jogo ( máscara da verdade que cada um tem para compartilhar com o outro) de uma neurose social que aparece principalmente entre os inseguros.Gordon Alport, em The Nature of Prejudice, sugere que o preconceito se origina de nossas ansiedadessentimo-nos inseguros e juntamo-nos a um grupo como forma de proteção.Aqueles que estão fora de meu grupo são considerados um perigo e uma ameaça. Eu os ataco porque, de alguma forma, me sinto ameaçado por eles.
O preconceito é um engano emocional mas, onde quer que exista, nunca é reconhecido como tal pelas pessoas preconceituosas. O fanático vai sempre tentar explicar seu preconceito em termos intelectuais.Dificilmente admite a irracionalidade de sua posição.A maioria dos fanáticos ,portanto, não precisa de lidar com sua própria explicação lógica e racionalizada.Basta apenas recitar algumas frases bem ensaiadas.( John Powell - livro Por que tenho medo de lhe dizer quem sou?)

Qual seria o médium que poderíamos considerar perfeito?
- Perfeito? É pena, mas bem sabes que não há perfeição sobre a Terra.Se não fosse assim, não estarias nela.Digamos antes bom médium, e já é muito, pois são raros.O médium perfeito seria aquele que os maus Espíritos jamais ousassem fazer uma tentativa de enganar. O melhor é o que , simpatizando somente com os bons Espíritos , tem sido enganado menos vezes.(Allan Kardec-O Livro dos Médiuns-item 226-perg.9)

Tendo estas palavras como início de uma ampla reflexão, divido com vocês um texto do confrade André Marinho, que transfere esses pensamentos para nossa vivência no Movimento Espírita, reforçando o bom senso, a sensatez e a liberdade que deve apoiar nosso aprendizado com a Doutrina Espírita.Boa leitura!!!! Claudio Amaral


" BIBLICISMO ESPÍRITA ?

Por André Marinho

Diante dos profundos equívocos que a Igreja Romana vinha praticando no período da Idade Média surge Lutero, uma voz ativa e enfática, que deseja reformular a religião cristã. Diferente de Ernest de Roterdan que questionou mas manteve-se agregado à Igreja, o líder da Reforma em Wittenberg rompeu com agressividade, levando à divisão e ao confronto . A resposta política de Roma foi a Contra-Reforma.

A turbulência ideológica alcançava o seu auge, quando Lutero começa a formular os conceitos da teologia protestante.Desejando ir contra os abusos que vinham sendo perpetrados , estabeleceu-se o primado da Escritura, em combate ao primado da Tradição , exarado pelos Pontífices.

Sem perceber Lutero utilizou-se da mesma metodologia da Cúria: A Igreja para ele era falível, mas as escrituras eram infalíveis.As consequências deste raciocínio se encontram perpetradas nas religiões cristãs ocidentais da Europa e da América-Saxônica, gerando o movimento protestante fundamentalista nos Estados Unidos, no século XIX, intitulado Biblicismo.As interpretações das escrituras ( agora consideradas sagradas) deveriam ser tomadas ao pé da letra. A fé está na Bíblia e não em Cristo. O catolicismo assimilou, posteriormente,esta cultura . Como consequência vemos o Papa Leão XIII cada vez mais afirmar a inenarrância da Bíblia.

Modernos exegetas , como Franz König, indicam o quanto há de referências históricas e científicas equivocadas nas Escrituras, desviando-se muitas vezes da verdade.Será isso uma blasfêmia? Será que os livros do Antigo e do Novo Testamento, por serem inspirados não possuem erros?Muitos teólogos colocam-se calorosamente nos debates.Sim ou Não à Bíblia,à Tradição, à Autoridade?

Guardando as conclusões para os pensadores especializados nos assuntos de cristologia,sagradas escrituras,eclisiologia,antropologia teológica,teologia pastoral,história da Igreja e Ecumenismo, pensemos nós, os espíritas, o quanto o raciocínio luterano atingiu-nos.Poderá ser O Livro dos Espíritosquestionado? Por ser uma revelação implicamos em perfeição?Há ou não equívocos na obra de Allan Kardec?Onde está a sua sacralidade?

Refletindo na proposta pedagógica formulada por Allan Kardec, poderíamos nos questionar como ele consideraria estas perguntas.O Livro dos Espíritos é obra básica e fundamental da 3ª Revelação. A sua estruturação foi realizada por um homem, designado pelo Alto, para a Codificação.Allan Kardec , porém, era humano e embora estivesse permanentemente apoiado pela equipe do espírito de Verdade, poderia incorrer em erros.Suas notas , portanto, não podem ser consideradas sagradas para nós. São inspiradas, não perfeitas. Uma inteligência imperfeita não é capaz de produzir conceitos perfeitos , nem de captá-los. Ora , Kardec está no rol dos Bons Espíritos, mas não no dos puros.

Se, porém, as notas de Allan Kardec podem incorrer em erros ( isso não significa que estão erradas), e as respostas dos espíritos em O Livro dos Espíritos?Allan Kardec em inúmeras comunicações recebidas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas questiona todos os tipos de espíritos que se comunicam ali.Até mesmo São Luís e Erasto recebem as incertezas dele sobre as respostas.A composição de O Livro dos Espíritos se deu através de muito critério e bom-senso.As respostas selecionadas para a primeira edição, recebidas pelas irmãs Boudin e outros médiuns eram confrontadas e analisadas criteriosamente. Quais espíritos respondiam? Diversas eram as características intelecto-moral destas entidades. Por isso ocorrer, na 2ª parte do citado livro, a classificação dos espíritos.A maioria das informações aceitas pelo prof. Kardec eram respostas de espíritos superiores. Seriam eles,porém, pefeitos? Cairíamos em um grande conceito filosófico acerca da perfeição.O homem alcançará a perfeição ou o progresso é contínuo e nunca ele chegará a este grau supremo? Valendo-nos de qualquer uma das duas hipóteses, sabemos que os espíritos perfeitos (se existir) jamais se equivocam. Alcançaram o estágio máximo de conhecimentos.Poderiam eles estar conosco na Terra e escreverem através dos médiuns? Parece-me mais compreensível entender em espíritos bons ou mesmo elevados se comunicarem com os homens da Terra.

O próprio Allan Kardec não deu um cunho biblicista à doutrina, pois afirmou que se um dia a ciência provar o que vai contra o espiritismo larguemos a doutrina e fiquemos com a ciência.Há aí uma abertura grande do codificador. Quis ele também dizer que as informações dadas pelos espíritos bons, após todas as observações necessárias, possuem uma autoridade reconhecida, mas não um autoritarismo.Sim às respostas e não ao biblicismo (referente a O Livro dos Espíritos). As respostas dos espíritos não se enfraquecem com a constante análise e observação. Tudo será aproveitado e averiguado.Não há sacralidade conforme entende os dogmas romanos. Não é proibido pegar em O Livro dos Espíritos sem lavar as mãos, ou duvidar de uma das respostas ali inseridas.A sacralidade está muito mais no valor histórico do que no valor dogmático e ritualístico.Poderá haver sim equívocos em O Livro dos Espíritos. Ambos os autores, encarnado(Kardec) e desencarnado (espíritos) não haviam alcançado o auge da perfeição. Perderá um dia , porém, o valor informativo, o que está em O Livro dos Espíritos e se tornará idéias simples? Respostas para outras análises...

Campos dos Goytacazes, 30 de outubro de 2004"

O Doutrinador e a Aceitação de sua Limitação.

Sem pretensões, neste momento é importante uma analogia: o doutrinador guarda certa identidade com um terapeuta. Ambos buscam oferecer condições de recuperação aos casos que lhes são apresentados. Todavia nem sempre é possível atingir prontamente seu objetivo. Existem limitações tanto de sua parte como daquele que é alvo do tratamento, seja encarnado ou desencarnado.

Toda problemática do espírito humano tem múltiplas considerações e fatores desencadeantes, que por sua complexidade envolve uma dupla competência na busca de soluções, tanto da parte do doutrinador, mas também, do doutrinado.

Esta precariedade é estimuladora, pois aponta para a descoberta de novos caminhos, através da busca de conhecimentos, do auto-conhecimento, de informações do outro, pois o paciente não é passivo. Este envolvimento fraterno entre doutrinador e espírito valerá muito mais do que qualquer argumento.

De nada adiantará um discurso evangelizador cheio de citações, se faltar o vinculo amoroso, do sentimento. Isto se consegue pelo diálogo de quem fala e também escuta, com a intenção de conhecer e investigar melhor a natureza da questão do outro, e aí sim, definir em conjunto a melhor estratégia a ser traçada.

A Doutrinação é um processo que deve estimular ao espírito desencarnado uma reavaliação de suas posturas, valores e metas, aumentando o nível de sua consciência sobre seus comportamentos e atitudes. Este grave objetivo deve iniciar-se pela aceitação do doutrinador de seus limites, propiciando o crescimento de ambos. E a conclusão de que todo processo libertador tem um tempo de maturação, que independe de sua vontade.

O Doutrinador e a Onipotência

“Guardai-vos dos falsos profetas” (Evangelho de Mateus – Cap.VII – Vers. 15)

A herança autoritária das civilizações antecedentes influi diretamente em todos os ramos da vida atual que, de forma lenta, tenta se desatrelar deste ranço.

Encontramos a presença deste traço de comportamento, até mesmo em algumas orientações mediúnicas de nossa Doutrina. Determinados coordenadores da atividade mediúnica dos centros espíritas se deixam levar pelo mito criado sobre esse segmento de trabalho na Casa Espírita e acabam assumindo uma imagem de guardiães exclusivos dos mistérios entre “o Céu e a Terra”.

Esta empáfia é um equívoco fatal para o bom êxito da atividade mediúnica, pois ela resulta na aceitação, por parte do doutrinador, de que ele é onipotente. Isto ofende frontalmente a essência da humildade que deve nortear o intercâmbio mediúnico. Os médiuns (inclusive o doutrinador) são facilitadores na orientação dos irmãos desencarnados, considerando suas necessidades e realidades específicas. Esta investidura é precária, não existe nada que garanta efetivamente o atingimento da mudança de disposições dos espíritos pela simples ação deste ou daquele doutrinador. A mudança se opera por opção do próprio espírito necessitado. Lembremos de Jesus quando dizia: “A tua fé te curou”. Ele não se colocava na situação de todo poderoso, mas de veículo da cura, e esta sendo gerada pela determinação da pessoa.

Muitos são os exemplos que conhecemos de adeptos de religiões e seitas que assumem a condição de infalíveis detentores de poderes sobrenaturais e maravilhosos, capazes de alterarem por sua exclusiva vontade as situações de terceiros (encarnados e desencarnados), e estes por sua vez assumem a condição de passivos. A Doutrina Espírita não compartilha com esta postura. Ela nos imbui da responsabilidade de servirmos, através da promoção dos recursos íntimos do outro, sem nunca resvalarmos pelo descaminho da arrogância de que possamos definir o bem ou o mal de outrem.

O Espiritismo Matou a Morte

Desde muito tempo a morte sempre foi um tema que intrigou e confundiu a cabeça das criaturas. As religiões, que tratam do aspecto espiritual, não conseguiram de todo afastar o medo da sensação do fim, que sempre rondou a idéia de morte. Apesar de ser algo rotineiro em nossas vidas, as criaturas evitam discutir sobre esse assunto, pela supertição e crendice de que falando atraiam a morte.

O Espiritismo que tudo trata de forma franca e simples, não age diferente em relação ao assunto morte, que ele prefere se referir como transformação. Morrer é se transformar do plano da matéria física para o plano do espírito. E quem nos vem dizer isso são os próprios espíritos desencarnados, ou seja, fora da carne, do corpo.

Eles vêm nos relatar que a vida do outro lado é intensa de trabalho e realizações e que nós continuamos juntos pelos laços dos sentimentos que dispensamos uns aos outros antes da despedida, e prosseguiremos unidos em outras encarnações.

A maior ou menor facilidade com que um espírito desperte do outro lado depende da forma como ele viveu esta vida, buscando desprender-se por um comportamento equilibrado, sem excessos. Ao contrário, na maior parte das vezes, somos vítimas dos nossos próprios equívocos e desatinos, que nos impedem de termos uma maior lucidez logo após ao desencarne.

A morte com o Espiritismo perdeu o clima do pânico e desespero para ser envolvida em serenidade e real resignação pela continuação da verdadeira vida. Não existe separação, mas vida em outra dimensão e Deus a reger todo esse extraordinário concerto, que nos conduz à harmonia de sermos um dia espíritos evoluídos.

Esta visão da vida nos acalma e encoraja a prosseguirmos confiantes de que o Plano de Deus só deseja a nossa felicidade pelas muitas oportunidades que nos reserva.

O Objetivo da Reunião Mediúnica

"A evocação dos Espíritos vulgares tem ainda a vantagem de nos pôr em relação com os Espíritos sofredores, aos quais podemos aliviar e cujo adiantamento podemos facilitar com bons conselhos. Assim, podemos ser úteis ao mesmo tempo em que nos instruímos." (O Livro dos Médiuns - item 281)

Grande parte do intercâmbio mantido entre os médiuns e os espíritos se faz na faixa dos espíritos sofredores. Fato justificado pela identidade existente entre as condições dos comunicantes e os intermediários. Por nossas deficiências morais, raras são as oportunidades de contato com espíritos de inegável superioridade a nos transmitirem diretamente orientações.

Kardec no supracitado item 281 nos aponta as bases reais em que se desenvolve esse mecanismo, acentuando o caráter instrutivo de que ele se reveste. É preciso retificarmos nossas posições comportamentais. Os espíritos não são o objeto primordial da reunião mediúnica, e sem o médium, Kardec coloca sob condições (podemos) a chance de atingirmos a ajuda aos espíritos, puro bom senso, pois por mais que nos esforcemos, o atingimento dependerá da vontade do espírito de ajudar-se, o que foge ao controle do médium. De outra forma, o mesmo não ocorre com o dever do médium de instruir-se com a experiência transmitida pelo espírito. Tudo depende de sua consciência ao analisar o testemunho do equívoco e transplantar para sua vida com a finalidade de não repetir a falta.

Fica assim claro, que o campo experimental do Espiritismo tem um fim elevado, de proporcionar aos seus integrantes encarnados a confirmação prática da importância fundamental das advertências do Evangelho para a vida de cada um de nós, e o resultado da sua inobservância.

Compenetremo-nos que os médiuns são os elementos principais do objetivo da reunião mediúnica, até porque a Espiritualidade Maior conta com muitos outros recursos para auxiliar aos espíritos rebeldes e sofredores, não necessitando exclusivamente dos pobres recursos de que dispomos.

O Pensamento Positivo Cura ?

Existe uma idéia muito difundida , inclusive no meio espírita de que " o pensamento positivo cura". Antes é preciso entender a máxima doutrinária espírita que diz: " O espírito sofre de acordo com as suas imperfeições" (livro O Céu e o Inferno-Allan Kardec-Cap VII). Logo, a cura é gerada pelo aperfeiçoamento, ou seja, pela remoção da causa do mal que é o atraso moral em cada um de nós.

Nesta mesma obra citada, no mesmo capítulo, encontramos as três condições básicas para o melhoramento efetivo: o arrependimento, a expiação e a reparação.Sem este processo educativo, que é gradual, estaríamos na dependência da ação discriminatória da graça, sem qualquer mérito ou esforço.

O Evangelho segundo o Espiritismo, no seu capítulo V, item 10, ressalta o papel purificador e curador das expiações, é claro, para o espírito: " (as provações da vida) São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal tanto mais enérgico deve ser o remédio".Na questão o remédio é a dificuldade que suportamos com coragem e lucidez, que pode ser a doença do corpo , da qualnão haveremos de nos desvencilhar, como em muitos casos acompanham as criaturas por toda uma vida , a par do desejo de serem curadas e dos tratamentos.A doença é o próprio remédio da alma afetada, é a cura a longo prazo.

O pensamento positivo é um excelente antídoto contra o pensamento negativo, traduzido em abatimento, desmotivação e depressão.Obstáculos a que o interessado busque caminhos de solução ou minoramento aos seus problemas. O pensamento positivo é como o arrependimento . É uma porta que nos faz entrar no recinto interior das nossas questões pessoais profundas, de forma iluminada, sem enganações, ilusões.

Conforme Kardec nos sugere no item 347 de O Livro dos Médiuns, a busca de fontes diversas para contribuirem com nossas reflexões, transcrevo abaixo o texto do Dr. Drazio Varella, sob o título " A Força do Pensamento", no qual ele aborda com excelente propriedade do seu conhecimento científico e sua sensibilidade humanista a grave responsabilidade de afirmarmos a cura pelo pensamento positivo:

A Força do Pensamento
Drauzio Varella (http://drauziovarella.ig.com.br)


Em 40 anos, nunca vi alguém se curar com a força do pensamento. Cometi a asneira de pronunciar essa frase numa entrevista e enfrentei a ira dos que pensam de maneira oposta.
A palavra ira, neste contexto, deve ser levada ao pé da letra. Entre os revoltados, não faltou quem me chamasse de organicista, incrédulo, prepotente, defensor de interesses corporativistas e até de imbecil. Dada a riqueza dos adjetivos a mim dedicados, vou explicar o que penso a respeito desse tema.
Antes de tudo, deixo claro que não estou em desacordo com a metáfora bíblica de que a fé remove montanhas. Não faltam exemplos de pessoas em situações adversas que, por meio da força de vontade e do empenho em busca de um ideal, realizaram proezas inimagináveis. Concordo, também, que a vontade de viver é de importância decisiva na luta pela sobrevivência. Sem ela, sequer levantamos da cama pela manhã.
Nos anos 1970, tive um paciente recém-casado, portador de câncer de testículo disseminado nos pulmões. Haviam acabado de lançar a cisplatina, nos EUA, quimioterápico que revolucionaria o tratamento desse tipo de tumor. Com dificuldade extrema, o rapaz conseguiu dinheiro para a passagem e bateu na porta do Memorial Hospital de Nova York, sozinho, sem falar inglês, com 200 dólares no bolso para custear estadia e um tratamento que não sairia por menos de 20 mil.
Voltou para o Brasil três meses mais tarde, curado. Poderíamos dizer que outro em seu lugar, sem a mesma determinação, estaria vivo até hoje? Lógico que não. A fé pode remover montanhas, como reza a metáfora.
Mas, aqui se insere a questão do tal pensamento positivo. Os que se revoltaram por ocasião da entrevista, baseiam-se em exemplos como esse para defender a teoria de que eflúvios cerebrais benfazejos têm o dom de curar enfermidades.
E é nesse ponto que nossas convicções se tornam inconciliáveis. Para mim, se Maomé não for à montanha, a montanha vir a Maomé é tão improvável quanto o Everest aparecer na janela da minha casa.
Insisti com o rapaz para se tratar em Nova York, porque não havia nem há um só caso descrito na literatura de desaparecimento espontâneo de metástases pulmonares de câncer de testículo. Todos os que morreram da doença antes do advento da quimioterapia seriam homens pulsilânimes, desprovidos do desejo de viver demonstrado por meu paciente, portanto ineptos para subjugar suas metástases às custas da positividade do pensamento?
A fé nas propriedades curativas da assim chamada energia mental tem raízes seculares. Quantos católicos foram canonizados porque lhes foi atribuído o poder espiritual de curar cegueiras, paraplegias, hanseníase e até esterilidade feminina? Quantos pastores evangélicos convencem milhões de fiéis a pagar-lhes os dízimos ao realizar façanhas semelhantes diante das câmeras de TV?
Por que a energia emanada do pensamento positivo serve apenas para curar doenças, jamais para fazer um carro andar dez metros ou um avião levantar vôo sem combustível?
Esse tipo de crendice não me incomodaria se não tivesse um lado perverso: o de atribuir ao doente a culpa duplicada por haver contraído uma doença incurável e por ser incapaz de curá-la depois de tê-la adquirido.
Responsabilizar enfermos pelos males que os afligem vai muito além de fazê-lo nos casos de câncer de pulmão em fumantes ou de infartos do miocárdio em obesos sedentários.
No passado, a hanseníase foi considerada apanágio dos ímpios a tuberculose, conseqüência da vida desregrada a AIDS, maldição divina para castigar os promíscuos. Coube à ciência demonstrar que duas bactérias e um vírus indiferentes às virtudes dos hospedeiros eram os agentes etiológicos dessas enfermidades.
A crença na cura pela mente e a ignorância a respeito das causas de patologias complexas como o câncer, por exemplo, são fontes inesgotáveis de preconceitos contra os que sofrem delas. Cansei de ver mulheres com câncer de mama, mortificadas por acreditar que o nódulo maligno surgiu por lidarem mal com os problemas emocionais. E de ouvir familiares recriminarem a falta de coragem para reagir, em casos de pacientes enfraquecidos a ponto de não parar em pé.
Acreditar na força milagrosa do pensamento pode servir ao sonho humano de dominar a morte. Mas, atribuir a ela tal poder é um desrespeito aos doentes graves e à memória dos que já se foram.

O Que Buscamos no Cristo?

“Mas ele ( Jesus) lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?“

Muito se tem divulgado a idéia de prosperidade material àqueles que confiarem na mensagem do Cristo. E isto tem feito pessoas se voltarem à religião por conveniência e barganha de prestarem culto a Deus com o objetivo de que em resposta à sua adoração, Deus lhes conceda ganhos materiais.

Enorme engano.

A passagem evangélica acima transcrita é a resposta do Cristo a alguém da multidão, que solicitou determinasse a seu irmão repartir com ele a herança recebida. Jesus deixa subentendido o caráter essencialmente espiritual de sua missão, e que as relações da vida cotidiana deverão ser da nossa responsabilidade, não lhe cabendo tal tarefa (Mateus 22:21).

Em seqüência, Jesus apresenta a parábola do mau rico, que amontoou bens materiais, sem se preocupar com os tesouros do espírito ( virtudes). Ser rico para com Deus é finalidade de todos nós, independente da nossa condição social, intelectual ou econômica. Jesus veio nos conduzir para a riqueza moral, transformando a criatura velha em criatura nova, propondo-nos o amai-vos uns aos outros, sem qualquer distinção, como modelo para nossos comportamentos.

Buscar no Cristo fortaleza íntima para vencer com humildade os desafios materiais e espirituais é legítimo. Sem nunca rebaixarmos nosso Mestre Jesus à condição de “despachante” dos nossos interesses particulares e imediatistas, tendo em vista a grandeza da proposta do seu Evangelho ( Mateus 5:48), que nos aponta em direção à perfeição de Deus, e não para a organização do mundo.

O Verdadeiro Batismo

" Que também , como uma verdadeira figura, agora nos salva,o batismo, não o do despojamento da imundícia do corpo, mas o da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo". I Pedro 3:21

João Batista afirmou que ele batizava com água , mas que o Cristo batizaria com o fogo. É preciso entender que o fogo sempre foi símbolo de purificação das substâncias. Claro que se submeter ao fogo requer sacrifício, tampouco ele se referia ao elemento físico.

Outra não é a condição daquele que tendo vivido por padrões mundanos baseados no orgulho, na vaidade e na ambição desmedidos, quando passa a refletir acerca dos padrões comportamentais cristãos , em seu mundo íntimo sofre a ação da transformação, que não é fácil. É o reconhecimento de equívocos e limitações pessoais, além de resistir à tendência aos velhos vícios e atitudes.

Manter uma consciência desperta para os valores superiores do Cristo é imergir num oceano de novas indagações. Espiritualizar-se é um processo doloroso e contínuo, queimando antigos procedimentos e estabelecendo novas condutas.

É viver em um fogo depurador por própria aceitação da importância dessa experimentação espiritual. A grandeza dessa vivência está longe de uma formalidade ou ato exterior, é repetição diária. O batismo é acordar todo dia com a disposição de sermos melhores, segundo o modelo de Jesus.É mudança comportamental.

Problemas - Como entendê-los?

" Presentemente,a minha alma está perturbada, mas que direi? ... Pai salva-me dessa hora ...mas é exatamente para isso que vim a esta hora ." (João 12:27)

Nesta passagem , Jesus transmite a emoção do grave momento que a cristandade nascente passava. Na sua condição de Bom Pastor, certamente temia pela forma de como deveria repercutir , nos seus seguidores diretos , o impacto de sua prisão e martírio. Aos olhos do mundo , os vitoriosos sempre recebem os apupos e glórias da massa. Como fazê-los entender a vitória no sacrifício e humilação extremos? Da sua parte, o Mestre tinha plena convicção da necessidade dos acontecimentos porvindouros, como base sólida da instalação da mensagem cristã, doravante. O triunfo do Amor.

Todavia, neste instante extremo, o Cristo nos legou o exemplo de coragem. O Cordeiro sem mácula enfrentou a sanha da ignorância .

Todos temos instantes de perturbação, desarmonia. Não nos falte a prudência de compreendermos cada transe da vida como aprendizado, e não desertarmos da boa luta, contra nossas deficiências, como o personalismo, a vaidade, o orgulho, o melindre, a arrogância, a auto-suficiência e a ira. Disse o Divino Rabi : " Refiro-vos estas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições,coragem! Eu venci o mundo" (João 16:33).

Lembremo-nos de que o Bom Pastor está sempre pronto a cuidar e defender as suas ovelhas, por isso nos garantiu : " E eis que estou convosco todos os dias , até a consumação dos séculos" (Mateus 28:20). E que cada dificuldade nos pertence como cada momento de alegria , pois uma e outro veio para preencher a nossa necessidade na sua devida hora.

Religiosidade sem Farsas

“Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois é melhor que um homem caia do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas” (Allan Kardec – ESE – Cap X – item 21)


Estas palavras comprovam o princípio da isenção que norteia a Doutrina Espírita . Sem personalismo ou sectarismo. O erro não deve ser endossado, mesmo que venha do arraial de nossas convicções.

Como apoiar a atitude de um médium que se locuplete com os direitos autorais de obra mediúnica recebida por seu intermédio?

Ou aqueloutro que cobre a entrada de palestra ou evento , mesmo que não seja de cunho doutrinário, valendo-se da sua imagem construída no meio do movimento espírita?

Qual o respaldo para atitudes de idolatria e exaltação da personalidade na seara espírita ?

Bem como , para a autopromoção de seus feitos no campo assistencial e doutrinário?

O exemplo deve partir do nosso compromisso com a honestidade e ética emanadas da Doutrina , que abraçamos. Nem mesmo a caridade deve e pode justificar trairmos os princípios da reta moral do Cristo. Devemos empreender iniciativas de ajuda ao próximo, que estejam no nível de nossas possibilidades, sem que para sustentá-las tenhamos que lançar mão de qualquer expediente fora dos limites do aceitável pela coerência doutrinária.

Como entender um “hospital” de recuperação de comprometidos com seus vícios (morais ou não), que é o centro espírita, angariando fundos através de rifas e bingos? Sendo estes um estímulo à compulsividade do jogo, manifesta ou não em cada um de nós, como se os fins justificassem os meios ?

Alcançar o discernimento ideal requer autocrítica e humildade. Transigir será abalar os alicerces de nossas obras, podendo ruí-las, prejudicando a tantos, sobretudo na confiança , por inconseqüência de poucos.

Seja Um Vencedor ... De Si Mesmo

" Eu venci o Mundo" Jesus (João 16:33)

A condição para atingir esta meta é o bom ânimo. É a compreensão sensata de que as aflições são inerentes à realidade humana, eivada de imperfeição, daí decorrendo nossos sofrimentos.Toda experiência humana é caracterizada pela necessidade de esforço da luta, sacrifício, exigência constante de superação, com naturalidade, sem afetação de extremismo ou presunção. Não há vitória sem combate. Só que segundo os padrões cristãos precisamos aprender a estabelecer o bom combate, sem o qual a vitória é enganosa e aparente.


Não podemos nos curvar aos parâmetros vulgares e mesquinhos. Precisamos elevar nossas condutas ao campo da liberdade e respeito por nós mesmos e aos outros, sendo gratos sem sermos subservientes, sendo fraternos sem sermos convenientes.


Jesus apontou a injustiça, mas não compactuou, na intenção de repará-la, com a baixeza da violência , pois o referencial crístico evidencia que " quem com o ferro fere, com o ferro será ferido".

Até então, vencer o mundo era compreendido como ter conseguido submeter outros seres a sua vontade, após Jesus, vencer o mundo é conseguir nos impor a retificação de nossas paixões menores .

Ser Espírita é Ter os Pés no Chão

" Não é espírita quem quer, só é espírita quem pode "

Quando li pela primeira vez esta afirmação (não me lembro o autor), ela me soou como arrogante. Pareceu-me querer dar à condição de espírita um certo grau de privilégio, conferir uma condição especial.Com o tempo de estudo de O Livro dos Esíritos, e a análise mais aprofundada das questões 459 e 466, consegui perceber o sentido sério daquela afirmação.

Por longo tempo, a humanidade se socorreu do imponderável para justificar suas atitudes e comportamentos indevidos, bem como a força definidora dos seus fracassos e derrotas. A par do seu apego a uma ou mais divindades, sempre houve uma representação do mal, que fosse a autora das adversidades , que lhe acometiam.E por muito tempo o ser humano foi vítima desse jogo entre o bem e o mal.

Até hoje muitos justificam suas desditas por ação das forças contrárias à sua felicidade. todo e qualquer obstáculo é interpretado como façanha do inimigo, que impede à criatura de ver atendido seu desejo de conquista.

Com o Espiritismo esta fase de transferir responsabilidade acabou.

Somos cercados por influências de toda ordem,algumas interferem de forma incisiva sobre nós,mas nada, absolutamente nada, age em nosso favor ou contra, se não houver nosso aval, através da compactuação que fizermos pela identidade de propósitos entre nós e nossos acólitos.Aresposta à pergunta 466 deixa claro que somos nós que atraimos as influências que recebemos.

Logo, ser espírita é assumir a responsabilidade própria no estabelecimento da atração e teor das sugestões que recebemos.Deixando a atitude imatura espiritualmente de tentar repassar a culpa ao diabo (que não existe) ou aos obsessores.

Assim, " só é espírita quem pode" ter frente a vida uma postura consciente e consequente, de que na trajetória de todos nós, cabe-nos a autoria , sem fugas ou desculpismos. É tomar as rédeas da própria vida, sob as bençãos de Deus,com os pés no chão!

Todos Devíamos Estar Cansados Disto Também

Em torno de doutrinas religiosas, seja qual for, é sempre muito comum se estabelecer preceitos e hierarquias paralelamente, que acabam tomando importância maior do que o fundamento teórico do pensamento religioso. Tudo se explica pela dificuldade da criatura em incorporar os princípios, o que lhe exigirá transformações estruturais, muitas das vezes de graves enfrentamentos com sua natureza íntima, não tão simples de superação, por isso foge, através da ocupação com aspectos secundários.

É mais fácil nos escondermos por detrás das formalidades, no cumprimento e preocupação com quinquilharias e esquecendo-nos do principal: o nosso compromisso com a busca da Verdade.Pelo esforço ingente e experiências amargas que esta busca requer, muitos optamos pela ilusão com falsas aparências de religiosidade, mascarando santidade.

Isto me faz lembrar a reflexão do Pastor Ricardo Gondim, publicada na revista Ultimato, também inserida no site www.rhemanet.com.br, fazendo uma crítica ao movimento evangélico, mas que cabe a todos os movimentos religiosos, que acabam apequenando a religiosidade de cada doutrina.O texto intitula-se " Estou Cansado" :

" Cansei! Entendo que o mundo evangélico não admite que um pastor confesse o seu cansaço. Conheço as várias passagens da Bíblia que prometem restaurar os trôpegos. Compreendo que o profeta Isaías ensina que Deus restaura as forças do que não tem nenhum vigor. Também estou informado de que Jesus dá alívio para os cansados. Por isso, já me preparo para as censuras dos que se escandalizarem com a minha confissão e me considerarem um derrotista. Contudo, não consigo dissimular: eu me acho exausto.

Não, não me afadiguei com Deus ou com minha vocação. Continuo entusiasmado pelo que faço amo o meu Deus, bem como minha família e amigos. Permaneço esperançoso. Minha fadiga nasce de outras fontes.

Canso com o discurso repetitivo e absurdo dos que mercadejam a Palavra de Deus. Já não agüento mais que se usem versículos tirados do Antigo Testamento e que se aplicavam a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio. Essa possibilidade mágica de reverter uma realidade cruel me deixa arrasado porque sei que é uma propaganda enganosa. Cansei com os programas de rádio em que os pastores não anunciam mais os conteúdos do evangelho gastam o tempo alardeando as virtudes de suas próprias instituições. Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração todas visando exclusivamente encher os seus templos. Considero os amuletos evangélicos horríveis. Cansei de ter de explicar que há uma diferença brutal entre a fé bíblica e as crendices supersticiosas.

Canso com a leitura simplista que algumas correntes evangélicas fazem da realidade. Sinto-me triste quando percebo que a injustiça social é vista como uma conspiração satânica, e não como fruto de uma construção social perversa. Não consideram os séculos de preconceitos nem que existe uma economia perversa privilegiando as elites há séculos. Não agüento mais cultos de amarrar demônios ou de desfazer as maldições que pairam sobre o Brasil e o mundo.

Canso com a repetição enfadonha das teologias sem criatividade nem riqueza poética. Sinto pena dos teólogos que se contentam em reproduzir o que outros escreveram há séculos. Presos às molduras de suas escolas teológicas, não conseguem admitir que haja outros ângulos de leitura das Escrituras. Convivem com uma teologia pronta. Não enxergam sua pobreza porque acreditam que basta aprofundarem um conhecimento “científico” da Bíblia e desvendarão os mistérios de Deus. A aridez fundamentalista exaure as minhas forças.

Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual. Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais.

Cansei de ouvir relatos sobre evangelistas estrangeiros que vêm ao Brasil para soprar sobre as multidões. Fico abatido com eles porque sei que provocam que as pessoas “caiam sob o poder de Deus” para tirar fotografias ou gravar os acontecimentos e depois levantar fortunas em seus países de origem.

Canso com as perguntas que me fazem sobre a conduta cristã e o legalismo. Recebo todos os dias várias mensagens eletrônicas de gente me perguntando se pode beber vinho, usar “piercing”, fazer tatuagem, se tratar com acupuntura etc., etc. A lista é enorme e parece inexaurível. Canso com essa mentalidade pequena, que não sai das questiúnculas, que não concebe um exercício religioso mais nobre que não pensa em grandes temas. Canso com gente que precisa de cabrestos, que não sabe ser livre e não consegue caminhar com princípios. Acho intolerável conviver com aqueles que se acomodam com uma existência sob o domínio da lei e não do amor.

Canso com os livros evangélicos traduzidos para o português. Não tanto pelas traduções mal feitas, tampouco pelos exemplos tirados do golfe ou do basebol, que nada têm a ver com a nossa realidade. Canso com os pacotes prontos e com o pragmatismo. Já não agüento mais livros com dez leis ou vinte e um passos para qualquer coisa. Não consigo entender como uma igreja tão vibrante como a brasileira precisa copiar os exemplos lá do norte, onde a abundância é tanta que os profetas denunciam o pecado da complacência entre os crentes. Cansei de ter de opinar se concordo ou não com um novo modelo de crescimento de igreja copiado e que vem sendo adotado no Brasil.

Canso com a falta de beleza artística dos evangélicos. Há pouco compareci a um show de música evangélica só para sair arrasado. A musicalidade era medíocre, a poesia sofrível e, pior, percebia-se o interesse comercial por trás do evento. Quão diferente do dia em que me sentei na Sala São Paulo para ouvir a música que Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs sobre os últimos capítulos do Evangelho de São João. Sob a batuta do maestro, subimos o Gólgota. A sala se encheu de um encanto mágico já nos primeiros acordes fechei os olhos e me senti em um templo. O maestro era um sacerdote e nós, a platéia, uma assembléia de adoradores. Não consegui conter minhas lágrimas nos movimentos dos violinos, dos oboés e das trompas. Aquela beleza não era deste mundo. Envoltos em mistério, transcendíamos a mecânica da vida e nos transportávamos para onde Deus habita. Minhas lágrimas naquele momento também vinham com pesar pelo distanciamento estético da atual cultura evangélica, contente com tão pouca beleza.

Canso de explicar que nem todos os pastores são gananciosos e que as igrejas não existem para enriquecer sua liderança. Cansei de ter de dar satisfações todas as vezes que faço qualquer negócio em nome da igreja. Tenho de provar que nossa igreja não tem título protestado em cartório, que não é rica, e que vivemos com um orçamento apertado. Não há nada mais desgastante do que ser obrigado a explanar para parentes ou amigos não evangélicos que aquele último escândalo do jornal não representa a grande maioria dos pastores que vivem dignamente.

Canso com as vaidades religiosas. É fatigante observar os líderes que adoram cargos, posições e títulos. Desdenho os conchavos políticos que possibilitam eleições para os altos escalões denominacionais. Cansei com as vaidades acadêmicas e com os mestrados e doutorados que apenas enriquecem os currículos e geram uma soberba tola. Não suporto ouvir que mais um se auto-intitulou apóstolo.

Sei que estou cansado, entretanto, não permitirei que o meu cansaço me torne um cínico. Decidi lutar para não atrofiar o meu coração.

Por isso, opto por não participar de uma máquina religiosa que fabrica ícones. Não brigarei pelos primeiros lugares nas festas solenes patrocinadas por gente importante. Jamais oferecerei meu nome para compor a lista dos preletores de qualquer conferência. Abro mão de querer adornar meu nome com títulos de qualquer espécie. Não desejo ganhar aplausos de auditórios famosos.

Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesia para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai.

Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a mudar a sua agenda romper com as estruturas religiosas que sugam suas energias voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa.

Soli Deo Gloria."

Cativando as Personalidades como Cristo Cativou

" Aquele que diz permanecer nEle, deve também andar como Ele andou" (I João 2,6)

Esta passagem diz de perto de que não pode ser gratuita a confissão de se ser cristão. Assumir a condição de seguidor do Cristo é uma filosofia de vida, sobretudo em relação aos outros.É pautar sua conduta pelos mesmos princípios da conduta de Jesus. É bem diferente de tomá-lo exteriormente como Mestre ou Salvador. É ter Jesus como Guia e Modelo para nosso comportamento, e a partir daí esmerar-se por traduzir em seus atos de vida, pequenos exemplos de sua renovação de atitudes.

O compromisso com o Cristo não pode ser superficial. Tem que ser aprofundado na mesma proporção do nosso amadurecimento, a fim de ser uma alavanca da nossa capacidade de bem convivermos . Estar no Cristo é compreendê-lo nas entranhas de cada um de nós .É a nossa singularidade moldando-se paulatinamente aos padrões de Jesus, pela via da adaptação.Isto é um processo longo e estrutural,que não adimite entusiasmo nem proselitismo.É uma ação pensada , de forma séria , tendo como alvo principal a reformulação de cada um , sem cogitar da posição do outro.

É exemplar e rica de ensinamentos a forma como Jesus compreendeu e agiu em relação a cada personalidade dissonante dos seus princípios e valores, mesmo os chamados discípulos mais próximos, além de figuras do poder político e religioso e inúmeras personalidades da vida comum do povo.Algo muito correlato com nossa convivência com os familiares,vizinhos,companheiros de trabalho e todos que participam de nosso mundo de relações.

Crises - Prenúncio de Mudança

Existem aspectos singulares na vida de todos nós.Ocorrências específicas de uma realidade , que nunca se realizará em outra.Por outro lado, existem momentos comuns na vida de todos , que guardam profunda semelhança não na aparência , mas no fundo.

Refiro-me ao " processo de crise".

Quem de nós não viveu um episódio intenso de incômodo, característico das situações de crise? Aquela sensação de que as coisas não vão bem e tudo indica mal-estar.O processo de crise impele a um conflito íntimo de que tudo está errado.Uma verdadeira desestabilização.Não é uma simples fase ruim, mas uma permanente impressão de que vai faltar o chão.Tudo cede, perde a cor e a graça.

Há uma tendência em nós a querermos nos desvencilharmos a qualquer preço das situações incômodas. Isto parece a princípio natural, mas é um mito em relação às crises.Fatos desagradáveis que devemos expurgar de nós e esquecermos.Não me parece uma atitude muito sadia, uma forma de tratar a crise segundo a sua finalidade em nossas vidas. A crise é um mecanismo tão saudável como a febre em nossos organismos. A decisão de extinguí-las simplesmente, sem remontar as causas com coragem e honestidade, não nos garante que desdobramentos piores se sucedam.

As crises fazem parte de todos os nossos relacionamentos, pois elas indicam a real necessidade de MUDANÇA.Mudança em nós e mudança no ambiente, na forma como estamos lidando com os diversos tipos de nossos relacionamentos.E enquanto não atendermos à mudança devida , segundo os novos padrões de nossos valores , princípios e conceitos, haveremos de sofrer a imposição da reestruturação que a crise estabelece.

Como já disse, a crise é salutar.Ela nos obriga a repensarmos atitudes e comportamentos que estamos realizando e que precisam passar por transformações.Somos muito pouco atenciosos com nossas vidas, por mais paradoxal que isto pareça, mediante nosso egoísmo.Cuidamos da aparência , das formalidades , e esquecemos das emoções , dá essência do ser. Só a crise , com sua força demolidora tem poder para nos fazer cessar de levar a vida sem nos considerar em detalhes.

Mudar é um impositivo da vida, que deve ser constantemente reavaliada em suas prioridades. Não gerenciar a vida dessa maneira é ter crises por perto para indicar pontos emocionais pendentes de tratamento.Bendita seja a crise.

Sacerdotes e Líderes Religiosos - Um Arremedo da Função Paterna

O ser humano se debate para sanar suas dificuldades, ou ao menos suavizá-las.E se existe um quadro angustiante de sofrimento, que atinge a um grande número é a falta da figura paterna atuante.

Muito conhecido como órfão de pai vivo.

É um sofrimento de crianças, jovens e adultos que gera sequelas extraordinárias, pois dificulta o processo de identificação do indivíduo,acarretando a ausência de referenciais na condução de suas vidas e na convivência com os outros, desde pouca idade, com a sensação de rejeição e abandono.

O despreparo da nossa sociedade em termos de formação integral em família sempre foi flagrante.Esta célula social passou a se restringir ao papel de núcleo promotor da sobrevivência física e propiciador das condições de autonomia socio-econômica de cada um.A família pouco se interessa em ser acolhedora e tratadora das emoções, por seus integrantes também lidarem mal com as emoções.Hoje isto se agrava, pela forma pouco consequente com que se montam as parcerias afetivo-sexuais, sem o devido mútuo compromisso, envolvendo vidas pouco habituadas à organização e planejamento como forma de carinho e cuidado por si mesmo e ao parceiro.

Daí, a forma servil estabelecida pelas criaturas com seus líderes religiosos, que por sua vez , se colocam como representantes simbólicos da orientação de um Deus-Pai onipotente e onisciente, de que estes adeptos tanto carecem por sua " orfandade".Com um elemento agravante além da idéia de Deus-Pai, o líder é palpável, então é transferido a ele o direito de decidir e definir o que é certo e o que é errado na vida dos seus filhos espirituais.

Desta forma, o ser humano não discerni sobre o melhor por si só, depende de muletas e bengalas, ou seja, da aprovação do líder religioso para as ações mais comezinhas da vida. Assim, a religião entorpece o ser, anulando seu poder de crescer por suas próprias custas, como se pudesse haver alguém com a capacidade para saber sempre o que é melhor por nós.

Bendita Influência

Acerca do fenômeno Chico Xavier assim se pronunciou Dom Vicente Scherer, como assinala Marcel Souto Maior, em seu livro As Vidas de Chico Xavier (6º edição- pág.183-editora Rocco) : "Seu engano talvez perturbe e desoriente espíritos ingênuos e desprevenidos".


Os santos, segundo o entendimento católico, são seres especiais, que marcam suas vidas por evidências incomuns de ordem física ou moral. São curas e exemplos comportamentais que os destacam singularmente, acima das meras possibilidades humanas previsíveis.


Concordando com esta conceituação, só não é aceitável que tais ocorrências se façam exclusivamente nos arraiais católicos, e a possamos estender a tantos outros membros da humanidade, sem quaisquer distinções. Gandhi, por exemplo, arrastou multidões com a força do seu comportamento e ideal de amor modelares. Um dos santos dos nossos dias.


O Sr. Francisco Candido Xavier é outra prova de salutar influência. Através da sua entrega incondicional de medianeiro das verdades eternas só consolou lágrimas, ergueu amargurados e apontou metas de renovação a tantos corações desalentados. Chico não compactuou com as ilusões da pompa e do poder mundano. Usou constantemente da simplicidade como escudo defensivo contra as investidas da idolatria e da popularidade. Manteve-se afastado das vantagens do interesse pessoal e honrarias da vaidade por compromisso à mediunidade, que tanto zelou e dignificou, como um verdadeiro sacerdócio, sem necessidade de sotaina.Com essa postura consolou , ao longo da vida, um oceano de lágrimas e ergueu uma multidão de caídos. Além de inspirar inúmeras e variadas iniciativas no Bem.


Mediante esta conduta irrepreensível, não são simples ataques verbais que arranhariam este gigantesco exemplo de amor a um ideário, que muitos pregam, mas muito poucos obram.

O Abandono de Deus

" Por que o Senhor permaneceu em silêncio? Como pode tolerar tudo isso?" ( Papa Bento XVI acerca do holocausto na 2ª Grande Guerra Mundial)


Tal questionamento poderia parecer estranho, não fosse o Papa Bento XVI um reconhecido teólogo da Igreja Católica, com um longo currículo acadêmico. Esta pergunta traduz a investigação de um estudioso das bases da relação entre a criatura e o Criador, dentro dos princípios da sua fé.

O morticínio judeu na era nazista foi algo sem precedentes na história da humanidade, e sem dúvida aterroriza admitir que o homem possa engendrar crueldades desta ordem, sem que haja a intervenção da Providência Divina.

Várias indagações nos saltam : quais as razões de tais sofrimentos?Estamos irremediavelmente a mercê do livre-arbítrio insano das mentes cruéis?Existe um componente de destruição na vida ( a morte, as doenças,as guerras, os flagelos,etc), isto é natural ou é fruto da ação das forças satânicas, adversárias do Bem? Se desejarmos buscar em Deus respostas para tantas interrogações, certamente teremos que definir o objeto principal da ação de Deus, qual seja o espírito. Não há como adimitirmos que o Plano de Deus vise como prioridade a vida material da criatura e sua organização. Todas as ocorrências, agradáveis ou não, de sucesso ou insucesso, são oportunidades de crescimento do espírito.Somos convocados a ser co-criadores da obra de deus e isto exige crescermos em intelecto e sentimento.A elevação desses dois fatores também se faz mediante o componente da dor, fazendo com que sejamos compelidos a buscar mecanismos para superarmos a estagnação do nosso nível intelecto-afetivo. A dor, a princípio indesejável, serve como instrumento impulsionador para enfrentarmos a nossa real necessidade de crescimento pessoal e coletivo. Desta forma, uma nova visão da intervenção de Deus nos descortina. A morte é renovação.As guerras são crises coletivas que nos obrigam a repensar nosso conceito de justiça e igualdade. Os flagelos naturais são oportunidades de exercícios de solidariedade. Outro fator é termos que entender a profundidade da assertiva de que " os justos não sofrem" e " cada um sofre na medida em que fez sofrer" . Tais afirmações são infundadas se não buscarmos as " causas anteriores das afições". O plano de Deus é consequente, ninguém é vítima sem envolvimento e compromisso com os sofrimentos.Isto não justifica que sejamos deliberadamente instrumento de sofrer do próximo , mas estamos numa faixa de evolução moral em que " o escândalo ainda é necessário" , disse Jesus.Por mais que nos choquemos com as ocorrências funestas, precisamos compreender que Deus as permite como forma de nos sensibilizar para que nos portemos com mais fraternidade, independente das diferenças de qualquer ordem.

O Papa , por fim, perquiri: " como pode (Deus) permitir essa matança sem limites, esse triunfo do mal? ". Todos sentimos profundamente as mortes em massa da população civil e dos combatentesnaquele conflito sangrento, mas avaliar que houve triunfo do mal é deixar de reconhecer que para nos legar uma mensagem de profundo amor , o próprio Cristo se deixou imolar, morrendo na cruz, pois esta ainda é nossa sofrível condição, ou seja, para amadurecermos coletivamente é necessário movimentos trágicos, que normalmente ceifam vidas.E outra não foi a forma como se solidificou o Cristianismo com seus mártires.

Deus nos tolera nos imensos desequilíbrios que somos dotados.Alguns intectualmente avançados, e etico-moralmente tão precários, como vice-versa. Certamente, a misericórdia divina se apoia na segura afirmativa do Cristo de que haveremos de ser perfeitos um dia, como o Pai que está nos céus, sem que se perca uma só ovelha do seu rebanho, isto espiritualmente falando.

Mediunidade e Exibicionismo

“Daí vem que o verdadeiro Espiritismo jamais se dará em espetáculo, nem subirá ao tablado das feiras”
(O Livro dos Médiuns –Allan Kardec- item 31)


Sem dúvida alguma, por essa e por tantas outras sensatas orientações, O Livro dos Médiuns se constitui um roteiro seguro e criterioso ao exercício responsável e condigno da mediunidade, visando o alcance do seu mais elevado objetivo, qual seja ser uma via moralizadora eficaz de espíritos desencarnados (espíritos comunicantes) e encarnados (médiuns).

Não houve por parte do Codificador nenhuma preocupação ou intento menor de estimular o desenfreado desenvolvimento da mediunidade em qualquer um, como uma forma de atrair a divulgação e adeptos ao Espiritismo, através da curiosidade e fascínio que o assunto suscita.

Muito pelo contrário, Kardec conduziu as informações básicas do campo experimental para o emprego nos limites da seriedade e consciência por parte dos médiuns, primando apontar-lhes para uma postura equilibrada, dissociada das superstições, rituais e crendices, enfim de tudo que distanciasse a mediunidade da sua condição natural, oriunda da Misericórdia e Inteligência Suprema, portanto devendo o médium não profaná-la ou ultrajá-la, através de um comportamento condizente com esse legado.

Uma dessas profanações é supor que o Espiritismo “ganha” notoriedade positiva quando expõe-se a público alguma expressão da mediunidade, seja o médium no exercício da psicografia ou psicofonia em reuniões doutrinárias, criando uma expectativa perniciosa sobre o teor e a realização da comunicação pela sobreexcitação da assistência, ou seja em apresentações televisivas, talvez na “boa intenção” de confrontar ataques contrários aos fenômenos espíritas, apesar do conflito às bases morais doutrinárias do Espiritismo, ou mesmo na distribuição ostensiva e indiscriminada do passe, criando a viciação e dependência.

Todas essas perigosas variações na condução coerente da mediunidade podem até se prestar a aumentar o “IBOPE” de programas de TV das nossas tardes de um desalentador domingo, ou até mesmo crescer a freqüência em nossas instituições, contudo é bom que não nos esqueçamos que a Doutrina Espírita tem uma opção definitiva e frontal pela qualidade do que pela quantidade, por isso abre mão de “palcos” e “tablados de feiras”.

Caridade na Comunicação

É crescente a busca por novos conhecimentos da realidade espiritual, tanto em fontes mediúnicas como da lavra (1) de reconhecidos autores encarnados, estudiosos da Doutrina Espírita. Contudo, é preciso que o disseminador (2) da Verdade Eterna, consciente do seu papel, se preocupe não só com o apuro (3) do conteúdo da mensagem editada (4), mas de igual forma se ela está sendo apresentada num estilo e palavras, que sejam da compreensão da grande massa de pessoas.


Esta preocupação nos atinge no instante em que concluímos que o público-alvo do Evangelho do Cristo foi o povo, logo, se os seus estudiosos não fizerem suas colocações no nível de entendimento da maioria das pessoas, infrutífero (5) estará sendo seu esforço, pois nesse caso não haverá comunicação.


Um ponto prático que muito contribuirá para eficácia (6) dessa comunicação é apresentar no rodapé (7) das páginas a sinonímia (8) dos termos de menor entendimento da média dos leitores. Isto contribuirá, e muito, para elevação da cultura dos integrantes do movimento espírita, facilitando o acesso ao estudo da Doutrina Espírita de novos adeptos de todas as classes sociais, e desfará qualquer idéia de elitismo (9) intelectual, que queiram tachar (10) às obras de inegável (11) valor.



1.LAVRA - produção, autoria.



2.DISSEMINADOR – aquele que divulga, semea, espalha.



3.APURO - esforço em fazer perfeito.



4.EDITADA - publicada.



5.INFRUTÍFERO - sem resultados.



6.EFICÁCIA - que produz efeito.



7.RODAPÉ - margem inferior.



8.SINONÍMIA - emprego de sinônimo (palavras de igual significação).



9.ELITISMO - ação de grupos privilegiados.



10.TACHAR - censurar, por defeito.


11.INEGÁVEL - evidente, claro.

Que República é Essa ?

O estertor da monarquia no Brasil ficou simbolizado pelo suntuoso baile ocorrido na Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro, promovido pela família imperial. Este fausto evento antecedeu a queda do regime vigente, e seis dias após nascia a república como uma nova esperança.

Encerrava a monarquia dos nobres, da exclusividade, dos apaniguados, dos beneplácitos pela proximidade com o poder, das vantagens, sem prioridade nas causas populares. O próprio baile exemplifica isso: foram consumidos 188 caixas de vinho, 80 caixas de champanhe e 10 mil litros de cerveja, e segundo o historiador Milton Teixeira, o dinheiro gasto no baile, 100 contos de réis, foi retirado pelo Visconde de Ouro Preto, presidente do Conselho de Ministros, do Ministério da Viação e Obras Públicas, esta verba estaria originalmente destinada a socorrer flagelados da seca no Ceará.

Sob este signo surge a República, para realinhar a prioridade na coisa pública, em atendimento às reais necessidades do povo.

Hoje, 2008 , quem diria que a república foi fundada no combate aos privilégios e excessos ? Os escândalos que se sucedem , demonstrando a malversação das verbas públicas em todos os níveis de governo ( federal,estadual e municipal) e nos três poderes ( executivo,legislativo e judiciário) , comprovam que a república brasileira faliu no objetivo de coibir desmandos daqueles que deveriam salvar o povo, e não matá-lo de ignorância por falta de educação, de fome por falta de trabalho e de doenças por falta de saúde pública.

Estamos caminhando para 119 anos de república, que já foi intitulada de velha e nova, mas ambas se utilizaram de práticas antigas de manipulação do poder em torno dos interesses pessoais e de grupo dos envolvidos. Uma verdadeira festança com o dinheiro do povo. Parece que o baile não acabou , e fiscal ficou só o nome da ilha.

A Visão de Poder de um Homem de Bem

Há muitos anos atrás, em uma reportagem sobre o venerando Chico Xavier, em dado momento lhe foi perguntado qual seu pensamento sobre o poder. O saudoso médium comparou o poder a uma coroa de espinhos. Paralelamente, a repórter perguntou ao então Presidente Collor o que ele achava da comparação feita pelo renomado espírita, ao que o mandatário brasileiro respondeu, depois de apresentar seu apreço pelo médium , não concordar,pois ele reconhecia no poder um imenso prazer.

Estão aí postas duas visões antagônicas de uma mesma situação. E com certeza, elas se chocam pela postura pessoal tomada por cada um dos observadores. Chico vê o poder como uma forma de servir, de transferir bem-estar aos sofrimentos e necessidades alheias. Com um agravante.Ninguém se transforma em ter superpoderes ao assumir o poder. Nossas condições pessoais e dos cargos de que estamos investidos são limitadas. Nós e os recursos de que dispomos somos finitos e , portanto, no exercício do poder teremos que conviver com nossas impotências e frustrações.

Por mais que nos desdobremos na intenção de sanar sofrimentos e solucionar carências, ainda sim, teremos o fardo de suportar as infelicidades, que por diversos motivos , mesmo independente de nossa vontade, persistirão, mantendo quadros de agonias, que nos impedirão a sensação de plena satisfação. Este será o quadro tormentoso daquele que ao assumir o poder se impõe o dever de servir e não ser servido, dedicando-se ao coletivo, meta primeira e última do poder.Por isso, a justeza da figura da coroa de espinhos em relação ao poder.

Já quanto a outra visão, devemos nos calar, pois ela provou com requinte no que desemboca tomar o poder como fonte de prazer.

Democracia - Um Projeto Inacabado (voto não obrigatório)

As conquistas institucionais de um povo são contínuas como a capacidade deste povo de se aprimorar na visão do melhor para si.

Com o PT no poder, avançamos além da visão preconceituosa de que no mais alto cargo do Executivo, só poderia se estabelecer os representantes clássicos dos patrões, Aí está por quase 8 anos a condução do país nas mãos da mais lídima representação do operariado brasileiro.Isto é amadurecimento da vontade do povo na sua capacidade de escolher.

Um novo ciclo se anuncia na substituição deste governo, onde o povo irá votar sem o sobressalto do que será um governo de esquerda. Bem provavelmente , a atenção se voltará para os programas e metas de governo dos candidatos.

E a democracia? Atingiu a sua plenitude?A resposta é NÃO.

Ainda somos, eleitores, reféns do voto.Existe um resquício do autoritarismo na obrigatoriedade de votar, e disto se valem as autoridades, candidatos e partidos para terem maior controle sobre a decisão do povo. Na última eleição (2008) para prefeito na cidade do Rio de Janeiro se viu isso.Houve a antecipação do gozo do feriado do dia do funcionalismo público, para junto do dia da votação, criando um feriadão,acarretando uma evasão de votos pela busca às praias do litoral, o que acabou definindo uma eleição pelos ínfimos 50.000 votos.O Poder Público que deveria promover a participação popular no pleito eleitoral, não era ingênuo de saber que tal medida favoreceria um desequilíbrio na disputa.

Neste caso citado, o povo foi massa de manobra política. E espera-se o contrário, que nas mãos do povo esteja a decisão definitiva de que rumo dar ao voto. E até mesmo de não fazê-lo.Os partidos e candidatos, sim, têm que se esforçar, e muito, em se apresentarem convincentemente ao eleitorado de todo país, com seus programas e ideologias,no sentido de motivarem o povo a exercerem o voto, e não gozarem um feriado na praia.Esta escolha tem que estar nas mãos do povo.Os partidos e candidatos é que têm que ser reféns da vontade do povo, pela instituição do voto não obrigatório, depois disto se pense na melhor Reforma Política, tendo por base esse avanço da liberdade, que ainda não teve apoio nem de um partido de esquerda no poder. Quem sabe?Ainda faltam 2 anos, tomara Deus...

Menos Politicagem e Mais Políticas Públicas

Dia 26/11/2008 se encerrou o curso na modalidade educação a distância , sobre Prevenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas no Ambiente de trabalho,promovido por uma excelente e eficientíssima parceria entre a SENAD - Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (www.senad.gov.br), o Serviço Social da Industria (SESI) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Foram 3 meses, ou 120 horas, de aprendizagem e interação sobre o tema em conjunto com o ambiente virtual e material didático convencional (apostila com 9 capítulos), somando teleconferências, fóruns de conteúdo, fóruns de avaliação,lições virtuais, questionário diagnóstico e outros recursos, como biblioteca virtual,chats e intervalo interativo, isto sem esquecer a Tutoria que manteve sua orientação permanente para dissipar dúvidas.

Enfim, uma estrutura pedagógica de alta categoria, administrada com apuro de uma organização muito bem planejada, não deixando qualquer dúvida sobre a realização de cada passo do curso, durante todo seu transcurso.Uma oportunidade que por sua qualidade de excelência, dignificou os realizadores e os milhares de participantes em todo Brasil.Exemplo a ser copiado pelos estados e municípios de uma Política bem projetada e implementada, visando a elevação de nível do universo atingido, aproveitando a facilidade do acesso via web, sem provocar custos e deslocamento do público-alvo.

No Estado e Município do Rio de Janeiro foi doado a cada professor da rede pública de ensino um laptop, buscando unicamente atingir a inclusão digital, sem que haja uma destinação focada na melhoria do ensino, através da atualização dos professores através do ambiente virtual.O governo estadual e municipal do Rio deve observar o trabalho bem sucedido da Universidade de Santa Catarina, que oferece cursos a distância através de sua Secretaria de Educação a Distância (SEAD), como por exemplo: Formação em Educação à Distância (extensão universitária) Formação de Educadores: subsídios para atuar no enfrentamento à violência contra crianças a adolescentesCurso de graduação em Administração a distânciaFormação de Tutores em Educação a DistânciaCurso de Pós-Graduação em Controle da Gestão Pública,etc.Essas são algumas das imensas possibilidades de emprego desta ferramenta para melhoria da atuação dos professores,outras poderão ser desenvolvidas.É só buscar parceria.

Só a disponibilização do equipamento , sem a menor orientação de como operá-lo, já é um equívoco, ainda mais sem aplicá-lo em prol do aumento do conhecimento técnico-científico é um desperdício do erário.

O Jeito Carioca de Votar

"Zona Oeste e Alianças vão decidir o segundo turno no Rio"(jornal O Dia - 07/10/08)

Não adianta espernear.O carioca sabe responder no momento certo. Na última hora ele decidiu: não quer confusão entre religião e política e não admite eleição sem um amplo debate, vai ter 2° turno.

Quem agiu assim foi o mesmo carioca que não aceitou manipulação eleitoral e elegeu Leonel Brizola, de volta do exílio, bem como contrariou a palavra de ordem de um presidente irresponsável politicamente e cobriu o rosto de preto ao invés de verde e amarelo.Não precisa lembrar, o presidente escafedeu-se.

O carioca decide o que é melhor para ele , independente de caciques e conchavos políticos de cúpula partidária. A relação entre os níveis da federação não pode ser melhor porque existe vínculos entre os partidos de seus governantes.Isto é coisa de republiqueta de banana.A relação tem que ser institucional, nada pessoal ou conveniente.

O 2° turno é uma nova eleição.

Acordem os candidatos , pois o povo carioca quer ouvir compromissos viáveis para suas vidas hoje.Quem falar de aliança com governo federal ou estadual, com projeto para 2010 ( eleição presidencial), está morto eleitoralmente, pois se distanciará da realidade de um prefeito para a cidade, que até lá poderá deixar de ser Maravilhosa, para mergulhar no caos ambiental, na saúde, na escola e no trânsito.

Queremos ouvir sobre o metrô em Jacarepaguá, interligando ao Centro da cidade.Equiparação de tratamento da linha Amarela com a linha Vermelha, sem pedágio para pagar.Temos que entender, como se decide uma obra vultosa como a Cidade da Música, sem uma ampla consulta e divulgação popular do seu projeto e propósito? Era prioritária mediante a nossa realidade? Quais as medidas em andamento contra a dengue,na altura do campeonato? O governo municipal pensa em desenvolver um mecanismo que mobilize a populaçao para tratar das questoes antes de tomar decisões fundamentais?

A matéria é extensa para avaliarmos nossos 2 candidatos.A palavra está com eles.Não temos que nos precipitar , anunciando opções antes do dia 26 de outubro. Mantenhamos eles reféns da nossa decisão demorada.São eles que têm que correr com as idéias atrás de nós e não nós os tranquilizarmos sobre nossas decisões , sem a garantia deles se comprometerem com as mudanças coletivas que nos sejam vantajosas.

Pálida Cidadania ou Prenúncio do Raiar da Liberdade ?

Segundo a Agência Senado (www.senado.gov.br/Agencia)a PEC/34/04 (Proposta de Emenda á Constituição)foi aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, com parecer favorável do relator, senador (PT)Aloísio Mercadante, sobre a não obrigatoriedade do voto e alistamento eleitoral dos maiores de 65 anos, como forma de uniformizar a idade no âmbito eleitoral,previdenciário e social.

Pena, muita pena mesmo, que a iniciativa da emenda constitucional seja no sentido acanhado de padronizar a idade limite da obrigação eleitoral, simplesmente passando de 70 para 65 anos . No Brasil é assim mesmo, pensa-se menor.Uma Casa Parlamentar ,como o Senado da República, se prestando a um assunto pequeno como esta padronização de idade, quando a questão central é a agressão à liberdade individual pela obrigatoriedade ao voto imposta pelo inciso I, do parágrafo 1º do artigo 14 da Constituição Federal, chamada Cidadã.

O cerceamento da liberdade de não votar é um aviltamento à cidadania. Na cidadania efetiva votar é um direito, e um direito pode ou não ser invocado.Não existe nenhum desdouro no ato de decidir por não votar. Hoje se usa este expediente, pela própria Justiça Eleitoral, para culpabilizar os eleitores pela escolha de maus candidatos, quando se omitem ao voto.A culpa é do sistema político que não prevê medidas efetivas para eliminação dos traidores da confiança do povo. Existe toda uma rede de proteção aos desmandos dos parlamentares, em razão dos pares se ampararem .

Apesar de tudo nos indicar pessimismo para mudanças maduras através de um tratamento condigno com o povo, se a história se repetir, em breve o voto não será mais obrigatório.O mesmo ocorreu com a escravidão no Brasil.Hoje as intenções apontam para a libertação de parte dos sexagenários da imposição de votar.Analogamente, a Lei dos Sexagenários, em 1885, libertou os escravos com mais de 60 anos, e em 1888, a Lei Áurea extinguia a vergonha da submissão humana na sociedade brasileira.Quem sabe daqui a três anos é possível surgir uma consciência que nos liberte do aguilhão do autoritarismo renitente, que faz o representado submisso à vontade do representante, e não ao contrário , evidenciando o paradoxo de uma democracia apoiada na imposição do voto.

Oxalá, um dia possamos entoar a canção, com justa razão:
" Liberdade!Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas, na tempestade
Dá que ouçamos tua voz"

Não é Bem Falta de Tempo

É muito comum hoje,frente à impossibilidade de se cumprir algum tipo de tarefa, justificar-se com a seguinte expressão: " Não tive tempo" . Até mesmo como explicação a entes amados, quando eles reclamam pelo fato de não lhes procurarmos, logo recorremos à escassez do tempo e asseveramos: " estou sem tempopara revê-los".

Um amigo muito querido, num de nossos longos diálogos, me ofertou uma pérola, que me calou muito fundo. Disse-me ele: " Você sabe qual é a definição de tempo? Ao que respondi negativamente. E ele completou: Tempo é prioridade".Sinceramente, esta sentença me chocou, pois a recebi como uma revelação da mais alta inspiração.E como toda grande sabedoria, envolvida numa sutil simplicidade.

O tempo não muda, mas nossas prioridades sim.

Falta-nos honestidade em reconhecermos isto, pois a forma de como estamos preenchendo nosso tempo, diz qual é a importância das tarefas realizadas em nossas vidas, e quais são os valores que estamos cultivando ou deixando de cultivar em dado momento.É muito comum termos crises de saudosismo de práticas em épocas passadas, que na atualidade são incompatíveis em nossas rotinas por nossos objetivos serem outros, nem tanto pela impossibilidade de revivê-los, em alguns casos, por suas cenas e personagens,mas por termos tomado rumos distantes, responsabilidades diversas, que nos impedem de reviver prazeres idos.

Somos em todos os instantes obrigados a optar, escolher.E assim, nossas vidas vão tomando feições diferentes daquelas anteriormente existentes.

Por isso,principalmente,quando nossos amores e amigos nos reclamam a presença, maior atenção, recorremos ao chavão da "falta de tempo" , pois poderia ser mal compreendido lhes dizer a verdade, que se esconde por trás da omissão: " Você não é minha prioridade atualmente".

Obrigado, Sylvio Diniz, pelo ensinamento. Te amo

Sem Exclusivismos

"Vendo Jesus que ele falara sabiamente,disse-lhe: "Não estás longe do reino de Deus"( Marcos 12,34)

"Pois o reino de Deus já está dentro de vós"(Lucas 17,21)



Certamente quem tomar conhecimento dessas duas citações será levado a crer que elas foram dirigidas a santos ou a discípulos fiéis ao Cristo.

Ledo engano.

Foram endereçadas a um escriba e a fariseus, respectivamente. Pessoas pertencentes a grupos que gozavam de proximidade com o poder e que a ética grupal era caracterizada pela conduta suspeita, por compactuarem com os interesses de dominação e vantagens financeiras. Muitas vezes foram duramente criticados por Jesus em razão de suas posturas dúbias e hipócritas, desejando parecer ilibados pelo purismo nas teses religiosas, ocultando muito orgulho e dissolução.

Importa absorver que mesmo de um grupo marcado por estas influências degradantes, longe de serem seguidores diretos do Cristo, Jesus anuncia a viva existência do reino de Deus no íntimo de alguns de seus integrantes.

Sem dúvida, como diz Paulo aos Romanos, no Capítulo 2, versículo 11: "porque diante de Deus , não há distinção de pessoas". Ninguém é privilegiado por esta ou aquela opção religiosa. Vale instalar a consciência ativa dos valores cristãos e vivê-los, o que independe de mesmo se intitular cristão.Os valores divinos são universais, sem qualquer exclusividade desta ou daquela corrente religiosa ou filosófica. Religião significa espiritualização,”porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em atos”(Coríntios 4,20) Fora disso, tudo não passa de proselitismo retórico e vã filosofia.