quarta-feira, 1 de julho de 2009

Mediunidade e Exibicionismo

“Daí vem que o verdadeiro Espiritismo jamais se dará em espetáculo, nem subirá ao tablado das feiras”
(O Livro dos Médiuns –Allan Kardec- item 31)


Sem dúvida alguma, por essa e por tantas outras sensatas orientações, O Livro dos Médiuns se constitui um roteiro seguro e criterioso ao exercício responsável e condigno da mediunidade, visando o alcance do seu mais elevado objetivo, qual seja ser uma via moralizadora eficaz de espíritos desencarnados (espíritos comunicantes) e encarnados (médiuns).

Não houve por parte do Codificador nenhuma preocupação ou intento menor de estimular o desenfreado desenvolvimento da mediunidade em qualquer um, como uma forma de atrair a divulgação e adeptos ao Espiritismo, através da curiosidade e fascínio que o assunto suscita.

Muito pelo contrário, Kardec conduziu as informações básicas do campo experimental para o emprego nos limites da seriedade e consciência por parte dos médiuns, primando apontar-lhes para uma postura equilibrada, dissociada das superstições, rituais e crendices, enfim de tudo que distanciasse a mediunidade da sua condição natural, oriunda da Misericórdia e Inteligência Suprema, portanto devendo o médium não profaná-la ou ultrajá-la, através de um comportamento condizente com esse legado.

Uma dessas profanações é supor que o Espiritismo “ganha” notoriedade positiva quando expõe-se a público alguma expressão da mediunidade, seja o médium no exercício da psicografia ou psicofonia em reuniões doutrinárias, criando uma expectativa perniciosa sobre o teor e a realização da comunicação pela sobreexcitação da assistência, ou seja em apresentações televisivas, talvez na “boa intenção” de confrontar ataques contrários aos fenômenos espíritas, apesar do conflito às bases morais doutrinárias do Espiritismo, ou mesmo na distribuição ostensiva e indiscriminada do passe, criando a viciação e dependência.

Todas essas perigosas variações na condução coerente da mediunidade podem até se prestar a aumentar o “IBOPE” de programas de TV das nossas tardes de um desalentador domingo, ou até mesmo crescer a freqüência em nossas instituições, contudo é bom que não nos esqueçamos que a Doutrina Espírita tem uma opção definitiva e frontal pela qualidade do que pela quantidade, por isso abre mão de “palcos” e “tablados de feiras”.

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