quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Doutrinador e a Onipotência

“Guardai-vos dos falsos profetas” (Evangelho de Mateus – Cap.VII – Vers. 15)

A herança autoritária das civilizações antecedentes influi diretamente em todos os ramos da vida atual que, de forma lenta, tenta se desatrelar deste ranço.

Encontramos a presença deste traço de comportamento, até mesmo em algumas orientações mediúnicas de nossa Doutrina. Determinados coordenadores da atividade mediúnica dos centros espíritas se deixam levar pelo mito criado sobre esse segmento de trabalho na Casa Espírita e acabam assumindo uma imagem de guardiães exclusivos dos mistérios entre “o Céu e a Terra”.

Esta empáfia é um equívoco fatal para o bom êxito da atividade mediúnica, pois ela resulta na aceitação, por parte do doutrinador, de que ele é onipotente. Isto ofende frontalmente a essência da humildade que deve nortear o intercâmbio mediúnico. Os médiuns (inclusive o doutrinador) são facilitadores na orientação dos irmãos desencarnados, considerando suas necessidades e realidades específicas. Esta investidura é precária, não existe nada que garanta efetivamente o atingimento da mudança de disposições dos espíritos pela simples ação deste ou daquele doutrinador. A mudança se opera por opção do próprio espírito necessitado. Lembremos de Jesus quando dizia: “A tua fé te curou”. Ele não se colocava na situação de todo poderoso, mas de veículo da cura, e esta sendo gerada pela determinação da pessoa.

Muitos são os exemplos que conhecemos de adeptos de religiões e seitas que assumem a condição de infalíveis detentores de poderes sobrenaturais e maravilhosos, capazes de alterarem por sua exclusiva vontade as situações de terceiros (encarnados e desencarnados), e estes por sua vez assumem a condição de passivos. A Doutrina Espírita não compartilha com esta postura. Ela nos imbui da responsabilidade de servirmos, através da promoção dos recursos íntimos do outro, sem nunca resvalarmos pelo descaminho da arrogância de que possamos definir o bem ou o mal de outrem.

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