quarta-feira, 1 de julho de 2009

É muito temerário se usar o termo CURA em Doutrina Espírita

Para início de conversa convém nos lembrarmos de Jesus na passagem de Lucas 17,11-19, quando Ele se dirige ao leproso agradecido por lhe ter restabelecido a saúde , e o Mestre faz uma distinção da sua condição de salvo em relação aos outros nove, igualmente beneficiados, por ter este especialmente demonstrado sua renovação de sentimentos através da expressão de gratidão.

Podemos também aliar a esta orientação cristã, a mensagem de O Evangelho segundo o Espiritismo, no Capítulo V, item 10, quando diz:' ... As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam . São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio.'

Isto sem deixarmos de nos reportar ao fato de que nos Evangelhos , não constatamos Jesus dizendo que curou, e sim, que a tua fé te curou ou a tua fé te salvou.

Estes três apontamentos são importantes para entendermos a subjetividade do termo cura, que envolve as relações de causa e efeito da doença e dos doentes, que nós não podemos assegurar qual seja. Os outros nove leprosos certamente não alcançaram a condição para serem qualificados como salvos , apesar de aparentemente estarem livres da doença.

Neste intante , cabe introduzir nesta reflexão a idéia do termo alívio(Mateus 11,28), que representa um benefício alcançado, sem que se tenha produzido a reformulação de propósitos e pensamentos requerida pela doutrina do Mestre. Além da indicação inequívoca de O Evangelho segundo o Espiritismo, de que em alguns casos a própria doença ( expiação ou prova) é o remédio de que carecemos , e do qual não haveremos de nos desatrelar, pelo impositivo da lei de reajuste. Desta forma , como falar de cura ? Como definir se o auxílio recebido foi estrutural(cura) ou superficial(alívio)? Em esmagadora maioria não somos dotados deste poder de investigação do psiquismo dos outros.

Qualquer uso do termo CURA no Centro Espírita, seja para passe ou reunião , induz o aflito à dedução de que se ele se submeter à rotina de passe ou reunião de cura, ele alcançará a cura automaticamente, condição imediata do seu desespero e do seu desejo natural de se livrar da dor ou de um desconforto qualquer.

Nenhum espírita, médium ou não, ou instituição espírita sérios podemgarantir o resultado de quaisquer das terapêuticas espíritas, pois não temos acesso ao grau de necessidade do aflito em relação à sua dor. Por isso, nos parece cauteloso substituir o termo cura por tratamento , deixando assim claro a intenção de sermos alvos da misericórdia de Deus, amenizando nossas dores, sem invalidar a orientação do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, de que ' o sofrimento é inerente à imperfeição' , e conforme nos afirma o espírito Vianney (cura de Ars): ' Muitas vezes a cegueira dos olhos é a verdadeira luz do coração' .


Fora disso, é sugerir ilusão.

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