segunda-feira, 31 de maio de 2010

ISTO É ESPIRITISMO ...

Mediante tanta confusão que se faz, é importante contar, de forma sucinta, a história recente do verdadeiro e único Espiritismo.

Há 18 de abril de 1857, o Sr. Allan Kardec lança a 1ª edição de O Livro dos Espíritos,através da editora do Sr. Paul Didier, contendo 501 questões, inicialmente, sendo ampliada três anos mais tarde (1860) para 1018 questões, que se desdobrou em outros quatro livros, tendo sua primeira parte ( As Causas Primárias) originado A Gênese (1868);a segunda parte (Mundo dos Espíritos) originado O Livro dos Médiuns (1861);a terceira parte (As Leis Morais) originado O Evangelho segundo o Espiritismo (1864), e a quarta parte (Esperanças e Consolações) originado a obra O Céu e o Inferno (1865).

Por isso, temos O Livro dos Espíritos como o marco fundamental do Espiritismo, por ser sua estrutura filosófica básica. A partir dele, o Espiritismo deixa de existir na eternidade dos princípios e fenômenos que sempre envolveram a criatura humana, para compor um corpo doutrinário logicamente estabelecido, para conviver conosco por todo sempre, em nossa marcha evolutiva, fazendo-nos refletir sobre Deus, o Espírito e sua imortalidade,as Vidas Sucessivas, o Intercâmbio entre o mundo visível e o invisível e as diversas Moradas no Universo.

É o cumprimento do advento do Consolador Prometido, anunciado pelo Mestre Jesus, que estará entre nós constantemente, nos unindo como irmãos de caminhada, independente das diferenças que nos caracterizem.São 153 anos de novas luzes sobre a mensagem de amor deixada pelo Cristo, para que ela se mantenha viva e pura entre nós, como desde aquele primeiro amor que nos foi dirigido pelo Cristo quando nos aconselhou que nos amássemos como Ele nos amou.

Isto é Espiritismo, o resto fica por conta da falta de conhecimento ou má fé de alguns.

sábado, 22 de maio de 2010

Meus Professores da Arte de Bem Viver (I)

Hoje (2010), em pleno século XXI, é bem compreensível a discussão em torno da tolerância religiosa, embora com muita resistência ainda. Os tão famigerados anos 2000 persistem com a tola idéia da supremacia de um pensamento religioso sobre o outro, sob chuvas de críticas e ataques que estimulam a dissensão entre seres humanos, filhos da mesma origem. Tudo paradoxal com o maior grau de escolaridade e esclarecimento experimentados atualmente na sociedade brasileira.



Imaginem a cinquenta anos atrás? Quanto preconceito? Contudo, vou lhes contar uma história de grandeza moral, que tive o privilégio de conviver.



Minha infância foi vivida em Irajá e morava com meus pais nos fundos da casa de minha avó paterna, Dona Áurea Tavares do Amaral, quantas saudades! Minha avó era mãe-de-santo, seu terreiro era em Coelho da Rocha, no antigo Estado do Rio de Janeiro. Naquele tempo ir até lá era uma odisséia. O ônibus nos deixava na estação de Coelho da Rocha e tínhamos que ir a pé até o terreiro na rua Belkiss, entre valas negras de um lado e outro.Não foi uma vez que vi uma filha-de-santo cair nas valas com suas indumentárias vaidosamente brancas e engomadas.



Já ao lado de nossa casa em Irajá morava uma família de evangélicos ( Assembléia de Deus). Lembro-me do nome das duas senhoras: Ciriaca e Gregota, sogra e nora, respectivamente .E, talvez, pela dificuldade dos nomes, nós as tratávamos pela alcunha de “vizinha”. Quando em minhas estripulias de criança, me descuidava, e o brinquedo era arremessado para sua casa, lá eu me punha pendurado no muro a gritar: “vizinha”,”vizinha”, e uma delas pacientemente pegava o objeto para me devolver a alegria.



Eram tempos tão difíceis de rigor e conservadorismo segundo os padrões impostos pela religião dominante. Lembro-me que aos cinco anos, ao ingressar no curso de alfabetização do Instituto Irajá, minha mãe me recomendou: “ Se perguntarem sua religião diga que é católico,não diga que somos umbandistas”. Isto denunciava seu medo de que eu fosse discriminado pela rejeição que se estendia aos participantes dos cultos afros.



Todavia, não era isto que eu via entre minha avó e a vizinha. Pessoas simples, mas dotadas de um comportamento ético na convivência.Nunca se ouviu qualquer referência menor de ambos os lados sobre a prática religiosa da outra. E tudo culminava na grande festa de Crispim e Crispiniano ( tipo Cosme e Damião), em 25 de outubro. Esta era a única vez que minha avó e seus filhos-de-santo comemoravam seus rituais em Irajá.Uma multidão de adultos e crianças acotovelados em frente de nossa casa, para se deliciarem de tantas guloseimas, e mais de 1000 sacos de doces que eram distribuídos, e depois disto a macumba que ocorria em minha casa, nos fundos.



No dia seguinte, em meio aquele cheiro que misturava doces e flores ( não me sai da memória olfativa), minha avó começava o “ritual” da divisão das sobras . E nunca esqueceu de preparar um prato de todas as iguarias para nossas vizinhas, que eram chamadas ao muro para lhes ser entregue carinhosamente, e que era recebido sempre com muita simpatia e educação por parte delas.Não posso assegurar, por falta de comprovação, se as vizinhas comiam, ou não, o que lhes era oferecido, mesmo por razões religiosas, mas recebiam de forma cordial, e nunca foi visto elas se desfazerem de forma ostensiva, com intuito de demonstrar que não se abasteceram daquele tipo de oferta.



Esta foi a conduta entre minha avó, macumbeira, e as vizinhas,evangélicas, até o fim.Mulheres.Incultas.Pobres.Viveram em tempos de maior segregação religiosa, mas por serem autênticas e valorosas não se deixaram contaminar, pelo contrário, estabeleceram na esfera de suas influências o traço do respeito e consideração entre si, ensinando-me que a alguns a religião eleva, e outros dignificam o meio religioso a que pertencem. Este último é o caso dessas três exemplares mulheres.



Meu preito de gratidão a estas geniais professoras da Vida.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Fernandinho Beira-Mar- Do Átomo ao Arcanjo

“ ... É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo.Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto.” Allan Kardec –O Livro dos Espíritos – Pergunta 540



Esta é uma das mais lindas orientações ofertada pelos benfeitores espirituais ao codificador, Sr. Allan Kardec, traduzindo a escalada evolutiva a que todos estamos fadados, apesar dos equívocos e desmandos que possamos cometer.


Já citei-a várias vezes em minhas explanações, e para reforço da idéia chego a afirmar que “ o espírito que hoje transita sobre a face da Terra com a personalidade de Fernandinho Beira-Mar, um dia vai ser anjo”. É chocante para nós, pobres mortais, admitir isto por toda gama de malfeitos que este irmão realizou, mas esta é a determinação do infinito amor e misericórdia de Deus, que está muito acima da compreensão da nossa precária condição de espíritos em estágio de provas e expiações.


Qual não foi minha surpresa, quando constatei na Folha ONLINE, de 02/05/10,uma reportagem sobre o desempenho nas provas do ENCCEJA ( Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) do apenado Luiz Fernando da Costa (“Beira-Mar”), entre 470 mil participantes:


O Desempenho de Beira-Mar na Prova

ÁREA Nota de Beira-Mar Nota Predominante
LINGUAGEM (português) 142 100 a 120(41% dos alunos)

REDAÇÃO 7,5 6 a 8 (57% dos alunos)

MATEMÁTICA 157 100 a 120(35% dos alunos)

CIÊNCIAS HUMANAS
(História,Geografia) 157 100 a 120(35% dos alunos)

CIÊNCIAS DA NATUREZA
(biologia, física e química) 140 100 a 120(40% dos alunos)


Tal desempenho indica que a potencialidade imanente existe e está no aguardo de ser promovida para render frutos de transformação. O avanço intelectual, em todos nós, é o carro-chefe das conquistas morais. O resplandecer da inteligência antecede a alvorada das virtudes(pergunta 789 e comentário de O Livro dos Espíritos).Sem qualquer romantismo ingênuo, esta notícia nos assinala o indício de que , como sociedade, deixamos escapar a oportunidade de pelos caminhos da educação , em sua tenra idade, conduzi-lo a escrever uma outra história, fora do crime.E tudo aponta que seu potencial garantiria isso.


“Não adianta chorar o leite derramado”, como nos orienta a santa doutrina dos espíritos, nada se perde de nossas conquistas e experiências espirituais. E com certeza, com seu empenho nesta direção construtiva, consciente ou não disto, ele estará preparando novos rumos porvindouros para seu espírito imortal.