segunda-feira, 15 de junho de 2009

Humanizando-me com os Animais

Tive três experiências marcantes com cachorros. A primeira foi na infância, com o " Crioulo" .Um vira-lata que era uma fera com os estranhos, mas um doce com os de casa.Sua situação ficou insustentável por ser tão irrascível com as visitas. Tivemos que doá-lo.Foi doída a separação. Até hoje me lembro o primeiro café da manhã, sem o Crioulo. Eu, meu pai e minha mãe nos sentávamos a mesa na sala e os miolos de pão eram jogados pela janela e o Crioulo se lançava ao ar para pegá-los. O Crioulo foi-se, mas nosso condicionamento não.Foi um café da manhã regado a lágrimas.

Muitos anos se passaram até que um dia , já casado, eu fosse a casa de uma amiga e lá me deparasse com uma cocker spaniel de nome Mina.Ela era muito afável. O pelo negro como veludo. Pensei com meus botões, se tivesse que ter um animal seria essa cachorra. Só pensei. Em outra visita, minha amiga me surpreende com a oferta: " Você quer a cachorra ? ". Não hesitei.Ela chegou até nós já com 7 anos, mas nossa convivência parecia ter muitos anos.Seu olhar triste nos seduzia. Foi um relacionamento de três anos muito intenso, que mexeu com todos nós , aqui de casa, principalmente meu casal de filhos.Apesar de seu afeto por todos, inclusive sua popularidade entre os vizinhos , que soube cativar,havia algo entre eu e ela muito especial,e assim foi até o término de sua agonia pela doença insidiosa,quando Mina me esperou, já completamente cega e abatida pelo diabetes e um cancer de mama generalizado, para morrer.Começamos nós dois numa noite vindos da casa de sua ex-dona e terminamos também juntos, sem ninguém em casa, agradecendo a ela a bela convivência.

Há tempos surgiu em nossa rua um labrador, o Bob. Bem marron escuro, com a boca vermelha feito sangue e os olhos castanhos claros. Virou freguês aqui em casa.É interessante como ele se apegou aos meus carinhos, apesar dele receber cuidados de outros vizinhos.Pelas manhãs , distraio-me com as corridas do Bob ao lado do meu carro, por longa distância, até à escola de minha filha.Isto sem falar , de quando ele está perambulando pelas redondezas e avista meu carro e o segue em desabalada correria e me segue até em casa e fica , mesmo cansado, esperando a recompensa em afagos, por sua fidelidade .Nas noites quentes nem aparece, some em suas noitadas sabe Deus por onde, mas é só cair a temperatura cair, ou principalmente chover, e le se posta em frente a minha casa, para deixá-lo dormir na garagem coberta, recolhido debaixo do carro para se aquecer junto ao motor.

Esses três animais me ajudaram muito a não perder-me na egoísta natureza humana e a descobrir que eles existiram para me humanizar, no melhor sentido.

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