segunda-feira, 15 de junho de 2009

ANIMAIS NÃO TÊM ESPÍRITO

Imaginemos uma semente de laranja e vejamos se será cabível afirmarmos que temos nas mãos uma frondosa laranjeira carregada de laranjas? Sem dúvida a diminuta semente tem em si todo potencial da futura árvore, todavia confundí-los é uma retórica poética e filosófica acerca da identidade entre os caracteres iniciais e rudimentares de uma laranjeira que dormitam na semente.Analisemos O Livro dos Espíritos.

Na questão 540, os espíritos afirmam: "É assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo". Mas, por isso concluo, não temos o direito de tomar que o átomo seja o arcanjo.

Um longo processo caracteriza o atingimento da condição de espírito por parte do princípio original emanado de Deus. Este princípio transita pelos reinos inferiores, onde agrega valores que o predisporão ao domínio da real inteligência ,que elabora e decide, e do sentimento que se solidariza, através das conquistas intelectuais e morais , exclusivamente inerentes ao reino da humanidade, único animado por um espírito na acepção correta de "princípio inteligente do Universo" (questão 23).

Na questão 597, os espíritos deixam claro que algo, inapropriadamente tomado por alma, anima os animais, mas afirmam também que imensa diferença tem esta da que anima os homens. Logo não podemos concluir que um espírito na plenitude de sua capacidade anima o reino irracional. Tanto que a questão 600 menciona que a alma dos animais é imediatamente utilizada ( vinculada a outro corpo) após o desencarne, pois não é um espírito errante.

Analisando as questões 607 e 607-a, verificaremos que antes de atingir a condição de espírito na escala da evolução, e animar um corpo humano, o princípio original que emanou de Deus cumpre sua primeira fase de evolução experimentando oportunidades antecedentes ao período que chamamos de Humanidade. Reforçam os espíritos : " É, de certa maneira, um trabalho preparatório, como da germinação, em seguida ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. É então que começa para ele o período de humanidade."

É inegável que os animais compartilham com o homem o estágio da inteligência , em virtude do instinto de que eles são dotados ser uma "inteligência rudimentar"( questão 75-a), decerto incomparável à do homem, cabendo relembrar o item 19 , do Capítulo VI, de A Gênese: "O espírito não chega a receber a iluminação divina que lhe dá, juntamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção dos seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra de sua individualidade. É somente a partir do dia em que o Senhor imprime em sua fronte seu cunho augusto, que o Espírito toma lugar entre as humanidades”. Depreende-se daí que nos reinos inferiores ( mineral, vegetal e animal) encontraremos a anima'-los algo sem "individualidade", característica básica ao espírito, sem a qual nenhum progresso responsável é possível. Poderemos até entender que nesses reinos vigora a existência de uma "massa fluídica", que se depura a partir das vivências no rumo da evolução inexorável.

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