segunda-feira, 15 de junho de 2009

A CONDIÇÃO ESSENCIAL PARA SER ESPÍRITA

“Não é espírita quem quer, só é espírita quem pode” ( * Armando de Oliveira Assis ) A princípio esta afirmação me soou pretensiosa,pedante.Todavia, ela encerra uma avaliação da realidade do movimento espírita, quanto a sua composição.Nossa doutrina é recente, pouco mais de 150 anos, o que garante serem os espíritas, na maioria, espíritas pela primeira vez. Significativa parcela dos integrantes do nosso movimento, em nossa sociedade, é oriunda do catolicismo,protestantismo e umbanda.Trazem impregnados de sua formação original características predominantes dessas experiências transatas, e mesmo desta vida:
1) “Espiritólicos” – ex-católicos, caracterizados pela fé cega e forte aversão ao questionamento

2) “Espiritélicos” - ex-evangélicos,caracterizados pelo apego intransigente a correntes de pensamento de autores encarnados ou desencarnados (“biblicismo espírita”) , e

3) “Espiritistas” - ex-umbandistas, caracterizados pelo misticismo e empirismo. Além disso,todos com um traço em comum, a forte influência da teocracia, indutora de uma deformação de suas convicções pela possível ação manipuladora de sacerdotes,ministros da fé ou líderes, únicos detentores da Verdade, sem qualquer estímulo à própria busca por parte do adepto. Lamentavelmente, tal viciação acompanha-os à vivência espírita, quando então persiste a necessidade de manterem-se atrelados à orientação de figuras centrais, como nos credos antigos, transferindo agora aos médiuns e dirigentes espíritas, que passam a ser “muletas” e “bengalas”, numa infeliz continuidade da dependência já anteriormente instalada, produzindo uma fragilização da convicção espírita pessoal. Muitos apoiam a tolerância ilimitada com a ocorrência desses desvios. Precisamos entender que não é o remédio que deve se adequar à vontade do doente, sim o contrário. Assim, somos nós que precisamos incorporar o Espiritismo tal qual ele é, sem concessões.Daí a justeza da citação que encabeça este texto. Para se ter uma vivência pura e honesta com o Espiritismo é preciso, inicialmente,decidir intimamente romper com hábitos das experiências dogmáticas, que são atitudes e rotinas, pessoais ou coletivas, que impedem atingirmos a condição de espíritos livres. Não é quem quer que travará uma relação de sucesso com o Espiritismo , mas quem estiver apto a assumi-lo pela simplicidade, que nos liberta de verdades artificiais e falsas expressões de segurança.


* Presidente da Federação Espírita Brasileira de 1970 a 1975

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