quinta-feira, 30 de abril de 2009

Práticas Desnecessárias - Sim ou Não?

Existe uma estória de caserna que fala sobre uma surpresa desagradável em determinado quartel.No horário do hasteamento da bandeira se verificava o sumiço da adriça, impedindo a amarração do pavilhão nacional e dificultando o rito cívico diário.O comandante da época para sanar aquela ocorrência instituiu o serviço de guarda ao mastro. A medida surtiu o efeito corretivo desejado naquele instante, e foi mantida ao longo do tempo.Até que muitos anos depois, indagado o soldado de serviço, qual a finalidade da sua atuação junto ao mastro, ele respondeu que não sabia, mas ' que sempre fora feito assim' . Este conto nos remete ao fato da importância de avaliarmos nossas rotinas, a fim de que elas não se desviem dos objetivos primordiais e se tornem cumprimento de mesmice.Isso se aplica a qualquer atividade.No meio espírita não é diferente. Precisamos cogitar com bom senso e racionalidade, numa prática salutar da fé raciocinada.Dois pontos poderemos analisar se não se enquadram neste contexto de perda de propósito: 1º) A prática simultânea de aplicação de passe individual e distribuição de água fluidificada Todas as duas formas consistem em técnicas da fluidoterapia, com o fim de atender uma necessidade específica do recebedor do seu benefício.No caso do passe individual essa ação é direta, em razão do paciente estar em condições de buscar pessoalmente a ajuda. No tocante à água fluidificada, caberá relembrarmos o papel físico-químico fundamental deste líquido, como veículo universal nas formulações medicamentosas, por sua neutralidade.Assim, sempre foi utilizada como veículo quando impregnada pelo magnetismo do médium, a fim de beneficiar o paciente que não esteja em condições de se deslocar ao centro espírita , por fatores impeditivos referentes à sua doença física ou mental ou convalescência. Em dado momento, passou-se a ministar, em duplicidade, tanto o passe individual como a água fluidificada aos frequentadores das reuniões públicas, como se o fluido administrado de uma forma agisse diferente da outra, quando em realidade eles se sobrepõem.Cria-se nos frequentadores das instituições a 'mania' da duplicidade obrigatória dessas práticas fluidoterápicas, reforçando a viciação em receber passes, tão contra-indicada por André Luiz, no livro Conduta Espírita. 2º) A prática da obscuridade(suspensão da luminosidade) durante a aplicação do passe ou do momento da prece Este hábito tem , em parte, sua fundamentação na prática similar utilizada nas reuniões mediúnicas de materialização, onde é recomendável a baixa luminosidade artificial( Missionários da Luz-André Luiz) para não haver perda dos fluidos sutis utilizados ( material luminoso extraído da natureza) em tais tarefas específicas. Estender tal orientação à prática comum da fluidoterapia nas reuniões doutrinárias é aplicar o conceito restrito ao caso geral.O fenômeno mediúnico (passe) se realiza independente da luminosidade natural ou artificial.Alguns defendem a interferência da baixa luminosidade para ajudar numa maior concentração das pessoas. O apoio de fórmulas exteriores , como a diminuição da luminosidade,com essa justificativa, pode ser comparado ao ato formal de dar as mãos (Livro dos Médiuns,CapXXV,item 282, perg.15) para estabelecer uma corrente entre as pessoas.Dizem os espíritos, que esta expressão externa não corresponde necessariamente à disposição interna das pessoas , ou seja, mãos entrelaçadas não definem se os pensamentos estão dispersos ou homogêneos.Mera exterioridade, formalidade que gera ritualismo. Isto sem deixarmos de tocar no prejuízo quanto a visão fantasmagórica que a escuridão empresta ao clima destas práticas espíritas, por ser um recurso de intimidação muito usual aos filmes de terror.Nada que se equipare ao sentido transparente,espontâneo, que o Espiritismo deseja nos influir ,a termos dentro e fora do centro espírita, sem ambiência ou atos místicos.A mística do Espiritismo é a naturalidade e simplicidade da condção dos seus atos de fé. Ele se aparta de 'muletas' e 'bengalas' para promover diretamente a criatura na busca dos ideais superiores. Incorporar modismos sem a devida conexão aos princípios doutrinários é enxertar práticas desnecessárias. ' É nisso que consiste a superioridade da Doutrina Espírita sobre as demais doutrinas.Enquanto o crente se mantém em suas crenças obsoletas, por maiores que sejam as provas que lhe demonstrem o erro, o Espírita se encaminha para onde a sã razão o conduz. Nós estaremos, onde estiverem as provas daquilo que afirmamos. Afirmar sem provas, garantir sem esteio,impor sem raciocínio, nada poderá ser jamais, o nosso critério' Carlos Imbassahy ( Livro Religião - Cap I)

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