quinta-feira, 30 de abril de 2009

Umbanda e Espiritismo - Convergências e Divergências

Podemos fazer estudos comparativos entre todas as religiões, com muito ganho nas conclusões a serem atingidas.Todavia, especialmente à sociedade brasileira, uma relação feita entre a Umbanda e o Espiritismo guarda contornos étnicos, que diz de perto à própria brasilidade, revelando a forma do brasileiro encarar a sua espiritualidade. Sem dúvida , o catolicismo é uma influência profunda no campo da fé, mas nada toca tão fundo o lado espiritual do brasileiro do que a possibilidade de interação direta da criatura e as hostes espirituais , adimitida especialmente por essas correntes religiosas, a Umbanda e o Espiritismo, cada uma à sua forma. Interessante estabelecermos esta analogia , tendo por base alguns princípios:
1) DEUS - O Espiritismo sustenta sua doutrina na crença fundamental de sua existência e atuação justa, bondosa e misericordiosa. Na Umbanda e demais cultos afros é conhecido como Olorum, Obatalá ou Orixalá, sendo que na prática é menos evidenciado do que o orixá guia de cada pessoa, a quem se rende toda subordinação.
2) ESPÍRITO - Espiritismo o aponta como um estágio importante da obra de Deus pela sua condição na escala evolutiva. A Umbanda o reconhece, porém dispensa pouca atenção à sua realidade, pouco importando sua destinação. No ato da morte o espírito é tratado como " egum " e deve ser encaminhado para deixar os interesses terrenos para trás, e é cuidado com certo temor e distância.
3) REENCARNAÇÃO - Para o Espiritismo este é o eixo de sua doutrina evolutiva. É através desse mecanismo que todos os espíritos alcançam seu crescimento esperado. A Umbanda não trata do destino do espírito humano. Não fica claro sua finalidade sobre a face da Terra e o que se espera para ele após sua morte, nem tampouco como ocorre esta continuidade. Inclusive, se para o Espiritismo tudo está submetido à evolução, para a Umbanda os orixás são seres a parte da criação, que nunca conheceram vida em nosso planeta (encarnação).
4)MEDIUNIDADE - Para o Espiritismo é consequência natural da convivência estreita entre os habitantes do plano físico e o plano espiritual. É constante, sob diversas formas.O mesmo ocorre para a Umbanda, sendo que seu culto ( o intercâmbio) é marcado pelo sentido de adoração às entidades comunicantes, ao contrário do Espiritismo.Em um estudo a parte teceremos maiores detalhes sobre os critérios do campo experimental ou mediúnico espírita.
5)OUTROS MUNDOS - O Espiritismo aceita a pluralidade dos mundos habitados como consequência direta da necessidade de utilidade dos diversos astros , que povoam o Universo, como possibilidade de moradas dos múltiplos estágios de evolução experimentados pelos espíritos.A Umbanda não se pronuncia sobre este assunto, tendo por marca uma crença centrada nas características naturais do nosso planeta.
6)CARIDADE - O impulso de solidariedade à necessidade moral e material é comum tanto à Umbanda como ao Espiritismo. Cada um tenta dentro de suas características e mecanismos aplacar as angústias e atender os anseios do espírito humano.
7)PODER E HIERARQUIA - O Espiritismo não adimite qualquer atuação imperativa e subordinativa no seu meio. Tanto individualmente como institucionalmente todos são iguais, sem subordinação. A relação funcional no meio espírita é cooperativista.Na Umbanda, o poder e a hierarquia são evidentes pela ação marcante e centralizadora dos seus líderes e auxiliares (pais ou mães-de-santo,ogans,etc).Esta relação de subordinação na Umbanda, às vezes , não se extingue nem com a morte do pai-de-santo, se transferindo a quem o substitui. 8)LIVRE-ARBÍTRIOEixo fundamental na visão espírita com vistas à evolução de cada um de nós. Na relação do adepto de Umbanda e seu orixá e pai-de-santo existe um forte abalo neste componente (o livre-arbítrio), pois o adepto deve acatar as imposições , tanto do orixá como do pai-de-santo, antes mesmo dos seus pensamentos pessoais,por dever de subordinação e disciplina.

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